24.1.07

A dura realidade

Mais a fazer, menos a fazer, as preocupações e considerações expostas no canal (e outras) não saiem da cabeça, e muitas vezes, as melhores reflexões até surgem quando nem estamos sentados no PC.
Alguns dados de máxima importância divulgados por aqui e que se calhar provocaram mais reflexões offline que online, mas que deveriam ter agitado os neurónios de nós pensadores da causa da musica feita por portugueses e em território nacional, isso deviam.

Hard Club encerra
UM - suspenso

Hard Club... pá, assim de repente, lembro-me de Deus (os belgas, não o Omnipresente), Ed Mota, este último dava de 0 a 10 seguramente um 12 ou 13 entre tantas outras noites de grande concertos... estamos a falar do único venue nacional capaz de cumprir um ridder técnico internacional (em Espanha nem quero enumerar para evitar maiores depressões)... se muda para Lisboa... sorte a vossa aí em baixo, porque nós aqui resta-nos sentir a dor da ressaca... se não se muda... perdemos todos...

UM… jornal musical de distribuição gratuito, distribuído nas fnacs e em outros sítios relacionados com ou directamente ligados ao consumo de musica… grande aposta na musica portuguesa, um projecto interessante sem duvida.

Sem conhecer detalhes e sem estar dentro destas situações concretas, e numa análise meia de algibeira, o factor, inviabilidade financeira deve estar relacionado na morte destes espaços, a falta de interesse do público, as fracas receitas publicitarias... enfim o costume.
Mas por muito dramático que isto possa parecer, para um músico não é uma realidade nova... todos os dias bandas acabam ou mantêm-se em coma pela mesma razão - inviabilidade financeira... ninguém lamenta de forma generalizada como nestes casos, porque bandas há muitas e, Hard Club só mesmo aquele... UM era só mesmo este… dramático, lamentável, mas nem sequer são excepções, cruel, fria, dura regra...

Tal como na nossa economia em geral, a solução é ser competitivo, trabalhar a marca, impor pela qualidade e assim internacionalizar, chegar a outros mercados com apetência para o consumo do produto cultural. Fácil de equacionar ou dizer, mas infinitamente mais difícil de atingir.
Muitas vezes em todas estas discussões, esquecemo-nos de nos confrontarmos com os tais nomes internacionais, que estão nos tops mundiais e que ocupam o tão prezado e polémico espaço nas playlists internacionais e nossas. É fácil a retórica da defesa da música portuguesa, mais difícil é estar aquele nível, sendo que é esse o nível que interessa, o tal que faz a diferença, aquele que arrasta multidões para concertos, o mesmo que convence a imprensa internacional aos grandes destaques, entrevistas e especiais de lançamento...
Claro que uma indústria altamente rentável, é também altamente bem oleada, e todo o marketing e investimento em imagem, fazem a diferença, mas nunca me esqueço das sábias palavras de Damon Albarn, (mais ou menos isto) “por muita produção em estúdio que haja, por muito marketing que se faça, a cena começa sempre na violinha e sentado no sofá... e é aí que a coisa tem que ser especial”.
Lembro-me sempre desta, e está sempre em riste aos meus devaneios de suposta competência e talento... para completar a receita, e quando estou com o ego em alta de críticas positivas ao meu trabalho em estúdio ou ao vivo, dou um salto a um link muito especial (pelo menos para mim) e é aí e então que os meu níveis de “armado em artista” descem, e se repõem os níveis do “vê lá se trabalhas para ver se aprendes ó cromo”
Estou-vos a falar da AOL e das suas AOL Sessions (desculpem a publicidade mas vão ver que vale a pena). Para muitos não será novidade, para os outros aqui vai:
A AOL faz sessões ao vivo em estúdio. Ou seja os senhores põem online grande parte do mainstream internacional live...
Podem ouvir / ver os senhores ali a suar a estopinhas, e com a excepção natural de um ou outro caso, é só bom... muitos estilos, abordagens, mas em geral uma coisa em comum... esses Srs., são da nata do mainstream internacional, e tem todos mesmo muito nível... facilmente comprovado ali, em situação live act... ou simplesmente, estes Srs. são os maiores para todo o mundo, porque de facto são os maiores do mundo a faze-lo... claro como a água...
Há de tudo... em grande...
Não queria sublinhar nomes, porque há de tudo e também porque gosto de bastantes, mas pronto, só alguns para vos ilustrar da minha experiência por lá...
Os Korn têm lá uma cena absolutamente extra terrestre, sub 0, ultra cool... os homens fizeram um unplugged. A banda de acústicos, sem bateria, mas com percussionista, piano clássico, outra guitarra acústica, e um freak (absolutamente o maior...) que faz lá umas cenas nas musicas, (numa secção A de uma das músicas só faz uuuuuuuu com uma melodia mínima esgazeada e completamente o que a musica pede e com muita classe...)... e pronto... extra terrestre, grandes canções wicked buster style.
Outra das muitas pérolas, Red Hot Chilli Peppers, estes homens (assim como tantos outros afinal), fazem o disco a banda... praticamente sem overdubs, só a cena... mas mainstream.... Freak loucura rock’n’roll psicadélica sem rodeios, directa mas mainstream... e aqui ao vivo e pronto... sem stress, só nível e classe e muita música naqueles cornos.
Curiosidade – vejam o Sean Paul. Não ligava nenhuma quando ouvia aquilo na rádio ou por aí... pá, cena dj, ok, tudo bem, bem feito, mas não me picava... vi lá e pronto... é uma banda... banda... não é dj... é banda, e do outro mundo...
Enfim, Peal Jam, Coldplay, Black Eyed Peas (vejam também, outra grande banda por trás de um som electrónico, pop mainstream (a que tenho que acrescentar) do século XXI... e que por trás é uma banda, orgânica, cheios de musica a tocarem mesmo muito bem com alma, tudo bom...
Outra curiosidade, Jammie Foxx, outra pérola do aol sessions, eu na minha patetice pensei que o homem se estava a passar e que os actores eram da tela, e os músicos da música... e que aquilo devia ser enfim... A minha patetice (burrice, e atirem para aí...), sem dúvida dos meus preferidos... gosto de ouvir/ver aquela música toda a passear por aquelas canções...
É muita música naquelas cabeças, dedos, canções, tudo tem muita música... muita hora de estudo, muito calo nos dedinhos, muito empenho... acredito que um homem do rock ou punk rock diga “man????? Black Eyed Peas???? Jamie Foxx????? Que é essa cena??????" pá tá tudo, não estou a dizer que é a melhor música do mundo, nem tão pouco a que gosto mais... mas aqueles gajos têm mesmo muita música em tudo o que estão ali a fazer, e estão a faze-lo de uma forma superior.... e por isso é que entram em todas as playlists em todos os países do mundo... por isso é que têm aqueles cachets, etc., etc., etc. e se és músico tens que perceber que tens que ter aquele nível todo para chegar aquele público todo... tens que estudar aquelas horinhas todas etc., etc.
Vale a visita

http://music.aol.com/videos/sessions/sessions_flash.adp

Pronto, descubram, com o inconveniente da publicidade, mas perfeitamente ultrapassado pela qualidade do conteúdo... Pérolas esclarecedoras...

Abraços e boa música,

Rui Pintado

20.1.07

Revolta

Revolta é o nome da nova banda, punk-rock, do guitarrista dos UHF, António Côrte-Real.
Na companhia de Bruno Alves (baixista e vocalista, ex: Porta Voz) e de Anselmo Alves (baterista, ex: Lulu Blind) prometem um álbum para 2007.
Mais informações sobre este novo projecto podem ser obtidas no site da banda em http://revoltarock.com.sapo.pt.

Ao nosso amigo e colaborador de blogue António Côrte-Real e aos nossos amigos Bruno e Anselmo desejamos que "partam tudo" em 2007!

O primeiro concerto é já na próxima sexta-feira, dia 26, no Culto Club em Cacilhas, na primeira parte dos Karpe Diem.

14.1.07

Novas sondagens

Gostariamos de contar com a vossa colaboração na resposta às 4 questões colocadas na frame do lado esquerdo do blogue.

9.1.07

Marcha das importações

O silêncio dos últimos meses tem sido difícil de interromper. O Canal Maldito nasceu com uma equipa pequena, mas acutilante, para debater a música e os seus arredores. Com a ausência de quase todos, a motivação para permanecer a remar - vagamente acompanhado - não tem existido. A verdade é que os grandes debates e as crónicas que motivaram acesas polémicas também nunca me estimularam por aí além, sobretudo pelos problemas que foram causando do lado de fora do monitor. Prefiro recantos mais íntimos e menos expostos, de que são exemplos os meus quase anónimos blogues “O outro lugar” e “Banco de ensaio”.
O encantamento do silêncio tem um mistério muito próprio e nem sempre compreensível.

Deste lado da net e mesmo sem crónicas continuam a existir visitas e visitantes! Foi no que deu este legado de textos que todos os que aqui escrevem ou escreveram deixaram. Ora, se eu estava tão bem num profundo distanciamento porque decidi colocar esta crónica “no ar”?

Num dos últimos meses, o nosso conhecido colega e amigo, Bruno Gonçalves Pereira, convidou-me para assumir um espaço no seu programa Atlântico. Desse desafio saiu o “Banco de ensaio”, através do qual, todas as semanas divulgo um novo álbum.
E não é que voltar a fazer rádio me fez mergulhar não somente nas novidades, mas, também, nos preços dos discos que faço questão de ir adquirindo para o meu espaço?
E não é que tenho tido grandes surpresas ao constatar o preço de lançamento de alguns desses trabalhos?
Deixo-vos pequenos exemplos de algumas das minhas compras através da Amazon:
Badly Drawn Boy - “Born in the U.K.” - € 10,32
Dierks Bentley - “Long Trip Alone” - € 10,89
Nellie McKay - “Pretty Little Head” (CD2) - € 9.60
O que divulgarei no próximo sábado ficou-me em € 4,36!

Naturalmente que estes foram preços de lançamento… a “nice price”. Hoje, são mais caros.
Recuperando escritas antigas, porque motivo não adoptamos um sistema parecido em Portugal?
Sinceramente, não acredito que dê mais gozo descarregar um CD pela net do que ter um disco original nas mãos a preços como aqueles que vos mostrei.
Estes preços promocionais de lançamento não seriam outra alternativa no combate anti-pirataria e no fomento de um top de vendas mais dinâmico e menos cheio daquele tipo de música que não desgruda jamais?

Luís Silva do Ó