27.9.06

Brincar no fogo

Como preâmbulo, devo esclarecer que este texto não é uma crónica. Porém, em bom rigor, também não poderei afirmar que se trata de uma crítica a um concerto. No fundo, uma picadora “1, 2, 3” resolverá o enigma. É uma mistura dos dois conforme as variáveis descritas.

Para mostrar que não é critica vamos viajar. Até Santiago do Cacém. Nesta bonita cidade do litoral alentejano, têm desfilado, nos últimos anos, os maiores nomes da nossa música. Xutos & Pontapés, Rui Veloso e David Fonseca foram alguns dos que tocaram no Largo José Afonso. A estes espectáculos ocorrem multidões de milhares de pessoas, capazes de encher, pelo menos, 3 plateias do Coliseu dos Recreios. O público presente oscila entre o bebé e o idoso, entre o urbano e o rural, entre o fã de Floribella e o de Pulp Fiction. Fora de Lisboa ou Porto, é assim que as coisas existem e funcionam. Os concertos de Xutos e de Rui Veloso estiveram apinhados, com os presentes a cantarem e a participarem em quase todos os temas, enquanto que o espectáculo de David Fonseca contou com um largo semi-vazio e com a indiferença de muitos dos presentes. A língua inglesa não ajuda na comunicação com o público do País real, apesar da prestação de David Fonseca ter sido muito positiva. Caso tivesse de escrever alguma crítica, indicaria que o público presente fora em número razoável (1500 a 2000) e que, perante uma assistência que não era a sua, dera um excelente concerto. O parágrafo introdutório teria sido curto e passaria, sem delongas, para a análise do “excelente concerto”. O público que assistiu a David Fonseca seria menos culto do que aquele que vibrou com Rui Veloso ou Xutos? Não. Era o mesmo. Não me interessa se o povo que cantou Rui Veloso era analfabeto ou professor catedrático. Do interior ou do litoral, do meio rural ou do meio urbano, todos me merecem o mesmo respeito e consideração. Podem ter gostos e culturas diferentes, mas isso não faz de uns, imberbes e insignificantes, e dos outros, iluminados e absolutos. O designado “circuito de província” existe e quem não tem sucesso nesse circuito é porque não tem sucesso em Portugal. Além do mais, qual é o músico ou projecto que sobrevive unicamente com concertos em Lisboa e Porto?

Assisti, no Coliseu de Lisboa, na noite do passado sábado, ao espectáculo dos UHF, que serviu para recolha áudio e vídeo, com vista à edição de um CD e DVD. Sem terem contado com a enorme promoção que tiveram há 14 anos (R&B, RFM e TV’s), os UHF jogaram um poker arriscado porque têm estado afastados de Lisboa e Porto e de uma ribalta mediática que influencia, sobretudo, uma adesão urbana. Ao entrar, ligeiramente atrasado, constatei que, ao contrário do sucedido em 1992, a Sala estaria a meio. A meio de lotar e a meio de estar vazia. Meia cheia ou meia vazia consoante a disposição pessoal de quem analise a matéria. Foi uma pena ter existido meia sala vazia porque o concerto foi do melhor que algum dia os UHF deram. Bem preparados, coesos, sem dissidências há largos anos, a banda de Almada surpreendeu pela vitalidade demonstrada. António Manuel Ribeiro, mais velho e seguro na gestão do cansaço, surgiu fresco e com uma voz bem melhor que em 1992. O público presente não estava muito virado para uma testada componente acústica. Também António Côrte-Real, envergando uma T-shirt dos Ramones era espelho disso mesmo. Queriam rock, queriam a prova final de que “UHF é rock”, como era exibido numa das faixas preparadas por fãs vindos de vários pontos do Continente e Ilhas. E queriam tudo o resto que escutaram num desfilar exemplar de grandes músicas uhfianas. No dia em que se escreva a história do rock português, existem temas que serão marcos e muitos deles foram executados de forma brilhante no passado sábado. Os célebres “Rua do Carmo” (1981) ou “Cavalos de Corrida” (1980) não podiam ser esquecidos, assim como outros êxitos - “Hesitar” (1989), “Menina estás à Janela” (1993) ou o recente “Matas-me com o teu Olhar” (2005). Mas houve mais. Houve um grupo que jorrou rock e atitude. “Os Putos Vieram Divertir-se” (2003), “Sarajevo” (1993), “Modelo Fotográfico” (1981), “Sonhos na Estrada de Sintra” (1988), “Rapaz Caleidoscópio” (1981), “Na Tua Cama” (1988), “Fogo (tanto me atrais)” (1988) e “Devo Eu” (1983), numa encruzilhada de épocas e de vivências diversas. E os clássicos que não foram tocados eram suficientes para novo alinhamento! É um facto que este foi dos concertos dados pelos UHF em Lisboa que contou com menos público, todavia, este espectáculo foi melhor do que aquele que ocorreu na mítica sala do Rock Rendez-Vous (1990), na Expo (1998) ou na anterior passagem pelo Coliseu (1992). Foi um risco tocar para um Coliseu a metade. Contudo, o que resultou desse desafio foi um momento memorável e que adia o funeral dos UHF. Os tempos de “Cavalos de Corrida” ficaram para trás. Ainda bem.


Luís Silva do Ó


UHF no Coliseu de Lisboa. Fotografia: LSO


UHF no Coliseu de Lisboa. Imagem da plateia. Fotografia: BGP


UHF no Coliseu de Lisboa. Fernando Rodrigues, Ivan Cristiano, António Côrte-Real e António Manuel Ribeiro. Fotografia: BGP


António Manuel Ribeiro assina presença no Coliseu de Lisboa: Hoje aqui se fez História. Fotografia: LSO

26.9.06

AFP - TOP SEMANA 39/2006

No top semanal de vendas da AFP encontramos 6 projectos musicais nacionais nos 10 primeiros.

1º FLORIBELLA (9P) - FLOR (SOM LIVRE-SOM LIVRE)
2º ACUSTICO (P) - ANDRÉ SARDET (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
3º ESTE E O MEU MUNDO (OU) - BEBE LILLY (COLUMBIA-SONY BMG)
4º FROM THIS MOMENT ON - DIANA KRALL (VERVE-UNIVERSAL)
5º MICKAEL (2P) - MICKAEL CARREIRA (VIDISCO-VIDISCO/SOM LIVRE)
6º MI SANGRE (P) - JUANES (UNIVERSAL/FAROL MÚSICA-UNIVERSAL/FAROL MÚSICA)
7º BALADAS DA MINHA VIDA (OU) - JOSÉ CID (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
8º PAULO GONZO (2P) - PAULO GONZO (COLUMBIA-SONY BMG)
9º UMA VIDA DE CANÇÕES - PACO BANDEIRA (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
10º THEIR GREATEST HITS-THE RECORD (P) - BEE GEES (WSM/REPRISE-WARNER MUSIC)
11º THE VERY BEST OF - FREDDIE MERCURY (EMI-EMI)
12º EU AQUI (3P) - FF (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
13º AO VIVO NO COLISEU (2P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL-ESPACIAL)
14º ORIGINAL (3P) - D'ZRT (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
15º TA DAH - SCISSOR SISTERS (POLYDOR-UNIVERSAL)
16º HUMANOS (5P) - HUMANOS (CAPITOL-EMI)
17º BALANCE (OU) - SARA TAVARES (WORLD CONNECTION-EMI)
18º MODERN TIMES - BOB DYLAN (COLUMBIA-SONY BMG)
19º ROMANTIC CLASSICS - JULIO IGLESIAS (COLUMBIA-SONY BMG)
20º BEM FUNK - DJ MARLBORO (SOM LIVRE-SOM LIVRE)


Ouro (Gold) 10.000 unidades
Platina (Platinum) 20.000 unidades
X P=X PLATINAS (Platinum)

Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal

20.9.06

UHF em noite azul

Catorze anos depois, os UHF vão regressar aos Coliseus de Lisboa e Porto. Desde então, muita coisa mudou no mundo, em Portugal e no grupo. Em 1992, a formação dos UHF era constituída por António Manuel Ribeiro, Renato Júnior, Toninho e pai e filho Espírito Santo, ou seja, Luís Espírito Santo e Nuno Espírito Santo. Agora, em 2006, o líder carismático dos UHF faz-se acompanhar por outros músicos todos eles da geração do seu filho, António Côrte-Real. Curiosamente, a actual formação da banda mantém-se estável há muito, o que confere um nível de coesão inexistente na anterior experiência dos Coliseus.

Para estas duas datas, 23 de Setembro em Lisboa e 5 de Outubro no Porto, os UHF prepararam um espectáculo que ilustra a história da banda, incluindo temas de todas as épocas e de quase todos os álbuns.

Hoje em dia é normal bandas rock incluírem os Coliseus nas suas digressões, todavia, em 1992 tal não era frequente. Recordo-me bem desse concerto no Coliseu de Lisboa há catorze anos, quando os UHF convidaram Jorge Palma, Lena d'Água e Zé Pedro para participarem em cada um dos três actos que o espectáculo encerrava. Se bem me lembro o espectáculo estaria dividido em três andamentos: "a farsa", "o amor" e "o fogo".
Esse concerto correu muito bem, tendo constituído um ponto muito alto na carreira dos UHF.

Recordo também a véspera do concerto de Lisboa em que partilhei uma mesa de quatro lugares num restaurante próximo do Coliseu com António Manuel Ribeiro, Zé Pedro e Jorge Palma. Estavam, todos eles, entusiasmados com o evento e os dois convidados especiais preparavam-se para o ensaio que iria entrar pela madrugada. Como as coisas estavam atrasadas, ainda deu para uma passagem pela casa de Jorge Palma, onde, de volta de uma Ballantines 12 anos, foi possível ver um episódio dos Simpsons.

Antes desse pormenor de pouco relevo, recolhi diversos apontamentos para o meu programa de rádio. Por exemplo, o depoimento de Zé Pedro - muito interessante, esboçando um sorriso à pergunta se não estaria nos planos da sua banda a passagem pelo Coliseu dos Recreios. Que não, disse ele, pois uma sala como o Coliseu não seria propícia a concertos rock. Considerava que os UHF podiam apostar no Coliseu porque tinham muito mais canções calmas do que os Xutos. Em 2006, e depois de várias actuações dos Xutos neste recinto, a opinião de Zé Pedro pode parecer estranha, porém quem se recorde do Portugal de 1992 sabe que, nesses tempos, não era habitual utilizar o Coliseu para concertos rock!

Foi também a curiosidade de ver um grupo de rock português no Coliseu de Lisboa que cativou a presença de muita gente. Ainda mais porque, na época, os UHF já eram considerados veteranos…
A verdade é que o concerto dos UHF não foi acústico, nem repleto de baladas, mas sim rock'n'roll à flor da pele e essa noite ficou na memória do rock português por mais outro motivo, directamente relacionado com a impreparação de concertos rock no Coliseu e com a força do próprio evento. Por certo, foi estabelecido um novo record de cadeiras partidas na mítica sala da Rua das Portas de Santo Antão! Não que o concerto tenha sido violento, pelo contrário, contudo, perante tanta gente aos saltos em cima de tão frágeis cadeiras, outro desfecho não seria previsível. Talvez quem tenha optado por não tirar as cadeiras da plateia tenha também conversado com Zé Pedro na véspera do concerto e deduzido que os UHF iriam fazer um mero concerto acústico.
Foram para cima de cem as cadeiras aniquiladas pelo saudável rock dos UHF.

Naquela noite, quase tudo correu bem aos UHF. O clima da sala esteve ao rubro e as canções foram entoadas do início ao fim por uma audiência participativa e rendida. O som poderia ter estado melhor, porém a performance de músicos e convidados foi quase perfeita. Assumo que, passados catorze anos, estou com imensa curiosidade em assistir a este regresso dos UHF aos Coliseus. Atrevo-me, mesmo, a sugerir este espectáculo, sugestão extensível mesmo àqueles que não nutram grande simpatia pela banda de António Manuel Ribeiro. Não desperdicem esta oportunidade de assistir "ao vivo e a cores" a um concerto do mais controverso grupo do rock português. Podem não ficar fãs, mas certamente vão ser surpreendidos pela força que esta banda de Almada continua a imprimir em palco, sem farsas, com amor e cheios de um intenso fogo rock nas veias.

Foi você que pediu uma noite negra de azul?


Luís Silva do Ó


Como terá sido o concerto dos UHF no Coliseu de Lisboa há 14 anos?
Em resposta a esta pergunta, descobri uma peça arqueológica referente a esse espectáculo que decorreu a 7 de Fevereiro de 1992. Como curiosidade, deixo aqui alguns excertos dessas duas horas de programa de rádio - feito em directo.



Excerto da 1ª hora de emissão do programa "Rock de cá" de 08/02/1992


Excerto da 2ª hora de emissão do programa "Rock de cá" de 08/02/1992

19.9.06

AFP - TOP SEMANA 38/2006

No top semanal de vendas da AFP encontramos 6 projectos musicais nacionais nos 10 primeiros.

1º FLORIBELLA (9P) - FLOR (SOM LIVRE-SOM LIVRE)
2º ACUSTICO (P) - ANDRÉ SARDET (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
3º ESTE E O MEU MUNDO (OU) - BEBE LILLY (COLUMBIA-SONY BMG)
4º MI SANGRE (P) - JUANES (UNIVERSAL/FAROL MÚSICA-UNIVERSAL/FAROL MÚSICA)
5º MICKAEL (2P) - MICKAEL CARREIRA (VIDISCO-VIDISCO/SOM LIVRE)
6º BALADAS DA MINHA VIDA (OU) - JOSÉ CID (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
7º THEIR GREATEST HITS-THE RECORD (P) - BEE GEES (WSM/REPRISE-WARNER MUSIC)
8º FROM THIS MOMENT ON - DIANA KRALL (VERVE-UNIVERSAL)
9º UMA VIDA DE CANÇÕES - PACO BANDEIRA (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
10º PAULO GONZO (2P) - PAULO GONZO (COLUMBIA-SONY BMG)
11º THE VERY BEST OF - FREDDIE MERCURY (EMI-EMI)
12º ORIGINAL (3P) - D'ZRT (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
13º EU AQUI (3P) - FF (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
14º AO VIVO NO COLISEU (2P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL-ESPACIAL)
15º MODERN TIMES - BOB DYLAN (COLUMBIA-SONY BMG)
16º BALANCE - SARA TAVARES (WORLD CONNECTION-EMI)
17º HUMANOS (5P) - HUMANOS (CAPITOL-EMI)
18º A HISTÓRIA TODA - LUÍS REPRESAS (MERCURY-UNIVERSAL)
19º TRANSPARENTE (2P) - MARIZA (CAPITOL-EMI)
20º A MATTER OF LIFE AND DEATH - IRON MAIDEN (CAPITOL-EMI)


Ouro (Gold) 10.000 unidades
Platina (Platinum) 20.000 unidades
X P=X PLATINAS (Platinum)

Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal

12.9.06

PunkPT is DEAD!

Foi com assombro que tomei conhecimento do ponto final no excelente e espantoso site PunkPT.
Entre 2000 e 2006 este espaço contribuiu para uma dinâmica crescente no que respeita ao punk nacional. É com imensa tristeza que dou aqui esta notícia depois de termos sido alertados por um comentário de Rui Pinto.
Em jeito de homenagem deixo-vos parte de um post escrito neste blogue, em 7 de Março de 2006, por João Pedro Rei e precisamente dedicado ao site PunkPT.
Ao mentor do PunkPT, Hugo Caldeira, deixamos um abraço de parabéns pelo fantástico trabalho que desenvolveu e espero vê-lo, brevemente, nesse ou noutro projecto na internet.

PUNK IS NEVER DEAD!

Luís Silva do Ó



Para tal, tenho que falar no Hugo Caldeira... Homem que não conheço e com o qual nada tenho a ver, a não ser visitar o seu espaço na Web. Esse espaço é a prova viva da célebre frase “PUNK IS NOT DEAD”.

Falo, claro está, no site punkpt, onde, graças a ele e ao seu “player”, já ouvi e passei a conhecer música portuguesa e novas bandas de uma onda que vai do punk, punk-rock, passando pelo ska...

Só pela audição já vale a pena passar por lá... mas o punkpt não é apenas um “player”! Sendo um site de design simplista, o importante é o seu conteúdo.

Entrevistas, reviews oficiais e de cibernautas a concertos e festas, fotos, mp3, calendário de concertos, fórum e notícias! Muitas notícias em que o comum visitante tem a hipótese de submeter também a sua e divulgar o que acha que tem que ser divulgado.

Claro que gostos não se discutem e nem todos gostam desta “onda”... Mas quem dera a tantas outras “ondas” ter mais gente a fazer o que o punkpt tão bem faz!

João Pedro Rei

AFP - TOP SEMANA 37/2006

No top semanal de vendas da AFP encontramos 8 projectos musicais nacionais nos 10 primeiros.

1º FLORIBELLA (9P) - FLOR (SOM LIVRE-SOM LIVRE)
2º ACUSTICO (OU) - ANDRÉ SARDET (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
3º MI SANGRE (P) - JUANES (UNIVERSAL/FAROL MÚSICA-UNIVERSAL/FAROL MÚSICA)
4º BALADAS DA MINHA VIDA (OU) - JOSÉ CID (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
5º MICKAEL (2P) - MICKAEL CARREIRA (VIDISCO-VIDISCO/SOM LIVRE)
6º THEIR GREATEST HITS-THE RECORD (P) - BEE GEES (WSM/REPRISE-WARNER MUSIC)
7º AO VIVO NO COLISEU (2P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL-ESPACIAL)
8º ORIGINAL (3P) - D'ZRT (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
9º PAULO GONZO (2P) - PAULO GONZO (COLUMBIA-SONY BMG)
10º EU AQUI (3P) - FF (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
11º ESTE E O MEU MUNDO - BEBE LILLY (COLUMBIA-SONY BMG)
12º UMA VIDA DE CANÇÕES - PACO BANDEIRA (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
13º A MATTER OF LIFE AND DEATH - IRON MAIDEN (CAPITOL-EMI)
14º MODERN TIMES - BOB DYLAN (COLUMBIA-SONY BMG)
15º THE VERY BEST OF - FREDDIE MERCURY (EMI-EMI)
16º TRANSPARENTE (2P) - MARIZA (CAPITOL-EMI)
17º BALANCE - SARA TAVARES (WORLD CONNECTION-EMI)
18º LOOSE - NELLY FURTADO (GEFFEN-UNIVERSAL)
19º BEM FUNK - DJ MARLBORO (SOM LIVRE-SOM LIVRE)
20º HUMANOS (5P) - HUMANOS (CAPITOL-EMI)


Ouro (Gold) 10.000 unidades
Platina (Platinum) 20.000 unidades
X P=X PLATINAS (Platinum)

Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal

8.9.06

O melhor tempo do canal maldito

O entusiasmo inicial foi substituído pelo prazer de continuar a debater o quotidiano, mesmo que a emoção seja mais contida e os textos menos explosivos. A motivação de onde germina a corrosão nem sempre funciona, sobretudo quando o meio é pequeno, os problemas permanecem idênticos e as “grandes lutas” são semelhantes ano após ano. Reconheço que o cansaço e as múltiplas actividades também não ajudam a que se mantenha um elevado ritmo produtivo. Umas semanas são mais ascendentes, outras menos, algumas são menos coloridas e outras são de um azul celeste pintado a justiça segundo Mateus.

Deixando o presente para trás, os primeiros tempos do blogue foram de constante crescendo e surpreenderam-me por completo. Pouco após o início, já tínhamos músicos novatos em troca animada de argumentos com tubarões e dinossauros da nossa música. Fomos favorecidos por certa sorte em cadeia, é certo, e contámos com a mais eficaz das publicidades, aquela que é realizada por quem lê e passa a palavra.

Entretanto, o Canal Maldito foi amadurecendo e os primeiros cabelos brancos emergiram num movimento atípico e transversal em que mais de seiscentas pessoas recebem uma irregular mas persistente newsletter - esta semana chegaremos à nonagésima. Ao atingirmos o terceiro aniversário, decidimos alinhar ao lado da promoção e, modestamente, ajudar a mostrar um pouco do que se vai fazendo neste rectângulo lusitano. Sabemos que não vai ser simples divulgar projectos em quantidade e qualidade pois é mais fácil reclamar do que aproveitar. Muita gente declara em voz alta e estridente que é quase impossível mostrar o que produz. Porém, quantas vezes não existe feedback quando uma porta – por mais pequena que seja – é aberta? O Bruno Gonçalves Pereira que nos diga quantos grupos responderam a um repto antigo…

O player que estamos a usar não tem nada de especial nem é novidade para quem circula por outros espaços da Internet. A principal novidade centra-se no facto de irmos mostrar música a quem nos visita, mesmo que estes “clientes” a não estejam a procurar. Vamos tentar não entupir a vossa paciência, procurando que a música seja absorvida e analisada. Pelo que, só iremos divulgar um projecto por semana, com direito a texto de destaque e a parágrafo na newsletter. Preferimos poucos e escutados do que muitos e abafados.

Naturalmente, a divulgação não pretende favorecer ninguém em particular, sejam bandas novas ou veteranas, músicos antigos ou principiantes, trabalhos editados por multinacionais ou meras demos gravadas em casa. Toda a música que recebamos será bem-vinda e tentaremos ser independentes e imparciais na sua avaliação e agendamento. Qualquer projecto vindo dos nossos cronistas terá tratamento privilegiado porque nada melhor do que complementar a escrita dos textos com o verdadeiro néctar que tanto debatemos. Os primeiros temas inseridos na nossa playlist são, precisamente, de um projecto (já extinto) de Ulisses, que respondeu positivamente a um pedido meu: “É pá, Ulisses, arranja-me umas músicas para testar o player”. Igualmente diria “António, pá, manda-me o “Deputado da Nação” que essa letra é fogo”. O ambiente dentro do Canal a isto permite e é um dos motivos para ainda haver blogue, contra certos ventos e certas marés adversas a pensamentos antagónicos.

A promoção através de blogues ou de outras páginas na Internet é um meio importante e que tem crescido nos últimos anos. Os músicos têm cada vez maior consciência da relevância da via digital, para o desenvolvimento das suas carreiras e aumento de notoriedade. O recente fenómeno protagonizado por José Cid, um artista há muito afastado da ribalta que conheceu até meados da década de oitenta, deve imenso ao seu percurso, às canções da sua vida e, bem assim, à crescente partilha ilegal de muitos dos seus trabalhos, que o deu a conhecer e aproximou de uma nova geração.

Além dos veículos de promoção tradicionais (rádio, televisão, imprensa, etc.) descobrem-se formas actuais igualmente eficazes. A divulgação de novos temas em telenovelas, o uso e abuso de toques de telemóveis ou a audição de novidades na Internet são soluções com resultados objectivos. Claro que para alguns artistas, a opção de promoção através de um player na net poderá ser inibida pelo fantasma da pirataria. Contudo, com uma qualidade não superior a 128 kbps, a tentação de “pilhar” pode existir, mas não passa disso mesmo.

Aproveitar estes novos caminhos promocionais é uma exigência. As vendas tradicionais das editoras têm descido e importa incentivar o emergente mercado digital onde os custos são menores e a possibilidade de retorno maior. No mundo das vendas digitais não existem custos de armazenamento, nem custos de fabrico, nem de distribuição e a margem de lucro de quem vende será menor do que a actualmente existente porque também a loja não terá as despesas fixas que, hoje, possui.

Por último, quem gosta de música vai continuar a consumir música mesmo que opte por comprar temas em vez de álbuns. Também os artistas irão optar por gravar e comercializar músicas avulsas em detrimento do que se faz presentemente. No futuro, acredito que o mercado vai privilegiar o single virtual regressando ao consumo de canções e ponto final.




A música nacional já teve períodos bem mais criativos e produtivos. O melhor tempo da música portuguesa pode não ser o que está para vir.
Todavia, somente o futuro nos pode dar a conhecer o desconhecido e são as potencialidades desse mundo desconhecido que nos fazem acreditar que o melhor tempo do canal maldito ainda não foi destapado.


Luís Silva do Ó

5.9.06

AFP - TOP SEMANA 36/2006

No top semanal de vendas da AFP encontramos 8 projectos musicais nacionais nos 10 primeiros.

1º FLORIBELLA (8P) - FLOR (SOM LIVRE-SOM LIVRE)
2º ACUSTICO (OU) - ANDRÉ SARDET (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
3º MICKAEL (2P) - MICKAEL CARREIRA (VIDISCO-VIDISCO/SOM LIVRE)
4º MI SANGRE (P) - JUANES (UNIVERSAL/FAROL MÚSICA-UNIVERSAL/FAROL MÚSICA)
5º BALADAS DA MINHA VIDA (OU) - JOSÉ CID (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
6º PAULO GONZO (P) - PAULO GONZO (COLUMBIA-SONY BMG)
7º AO VIVO NO COLISEU (P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL-ESPACIAL)
8º ORIGINAL (3P) - D'ZRT (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
9º THEIR GREATEST HITS-THE RECORD (P) - BEE GEES (WSM/REPRISE-WARNER MUSIC)
10º EU AQUI (3P) - FF (FAROL MÚSICA/NZ-FAROL MÚSICA)
11º A MATTER OF LIFE AND DEATH - IRON MAIDEN (CAPITOL-EMI)
12º MODERN TIMES - BOB DYLAN (COLUMBIA-SONY BMG)
13º TRANSPARENTE (2P) - MARIZA (CAPITOL-EMI)
14º A HISTÓRIA TODA - LUÍS REPRESAS (MERCURY-UNIVERSAL)
15º UMA VIDA DE CANÇÕES - PACO BANDEIRA (FAROL MÚSICA-FAROL MÚSICA)
16º ORAL FIXATION VOL. 2 (P) - SHAKIRA (EPIC-SONY BMG)
17º 8 (OU) - SANTAMARIA (ESPACIAL-ESPACIAL)
18º LOOSE - NELLY FURTADO (GEFFEN-UNIVERSAL)
19º IVE MENDES - IVE MENDES (CAPITOL-EMI)
20º HIT SINGLES - SANTAMARIA (VIDISCO-VIDISCO)


Ouro (Gold) 10.000 unidades
Platina (Platinum) 20.000 unidades
X P=X PLATINAS (Platinum)

Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal