27.10.04

U outro lado do espelho

[O tema deste mês estava escolhido há muito, mas, com o Tejo próximo de mim, deixei as vendas da música digital na gaveta e a caneta deslizou para outros assuntos. Morreu John Peel, lendário DJ da rádio deste mundo (“Peel Sessions”, diz-vos alguma coisa?), e a música está de luto carregado… que me desculpem, hoje vou para outros Oceanos!]

A teia que a vida tece tem factores bons e menos bons que se entrelaçam em experiências que ficam e se recordam para sempre. Hoje, não me apetece escrever sobre a nossa indústria nem sobre nada que envolva rádios ou afins. Vai ser uma crónica real, sem quaisquer pensamentos especiais que não sejam a admiração e a amizade. Como já perceberam, não vou desbobinar acerca de playlists, nem acerca de vendas. Irei mergulhar noutras águas, certamente mais importantes (para mim, claro!), porquanto, intimistas. No canalmaldito escrevem vários amigos, incluindo 2 músicos, aos quais reconheço méritos indiscutíveis. A ordem dos textos é aleatória.

I
Não me recordo muito bem de quando o conheci, mas, creio que terá sido por finais dos anos 80 e lembro-me, perfeitamente, da primeira vez que o vi agarrado a uma guitarra. Estávamos no ano de 1990, dia 25 de Julho (feriado no meu Concelho), e os UHF haviam gravado um concerto ao vivo no dia 13 anterior. Fui ao escritório dos UHF entrevistar o António Manuel Ribeiro e a conversa seguiu em amena cavaqueira pelo fim de tarde, início de noite (memorável, contudo isso pertence a outras histórias), enquanto o seu filho, António Côrte-Real (Toninho, para os amigos), sentado no chão do escritório, dedilhava umas notas soltas. Em determinada altura, reparei nele e gerei risadas, perguntando ao António Manuel Ribeiro se ensaiava para os UHF... Passaram uns anos e dou com o Toninho como guitarrista dos UHF.
Quando este blogue surgiu, foi dos primeiros a aceitar o desafio e tem feito de tudo para ajudar e divulgar novos projectos musicais. Algumas das coisas são visíveis, embora a grande maioria sejam executadas no recato da invisibilidade. Como músico dos UHF, já marcou uma época nas guitarras e, fora do palco, passei a admirá-lo pela enorme dedicação com que se entrega à causa da música. A dedicação é tanta que quase roça a obstinação doentia. As ideias fervilham e são dezenas os emails que vou recebendo com projectos, com iniciativas de valor. Infelizmente, nem sempre consegue obter as respostas que merecia, sobretudo de colegas que funcionam em comprimentos de onda diferentes.
O Toninho não inveja a arte alheia e tem uma energia inata que o torna numa força da natureza.
Por vezes, olho para ele e penso que todos os músicos, todas as pessoas deste País, deviam ser assim: Determinadas e Profissionais em tudo o que fazem.
Ele sabe e gosta de trabalhar com uma intensidade imprópria para o meio musical português. Tal como o pai, também ele parece ter nascido dentro da poção mágica!

II
Era sábado, algures, entre as 16 e as 18 horas, e estava em estúdio a fazer o programa "Rock de cá", em directo, quando surgiu um rapaz, que não conhecia, acompanhado pelo Orlando Angelino. Traziam uma cassete gravada de um ensaio do grupo desse miúdo – Ulisses de seu nome – e gostariam de ma mostrar. A minha primeira reacção foi curiosa: Afinal esperava escutar mais uma das desgraças habituais que todas as semanas recebia pelos CTT, mas não! Apesar do som ser muito mau (um gravador no centro da sala de ensaios não faz milagres) a linha punk-rock dos k2o3 já lá estava em embrião. Surpreso, disse-lhe que tinha bastante potencial!
O tempo passou, a evolução foi estrondosa e a amizade foi crescendo.
Cheguei a ser manager do seu grupo e, com eles, entrei em estúdio, pela El-Tatu, com Tim, dos Xutos, a produzir. Durante 2 anos, passámos momentos únicos na estrada e nas mesas de cafés, bares e restaurantes, montando e desmontando ideias e projectos, sonhos, utopias e realidades. Os k2o3 são como família para mim. Na hora do reencontro é sempre uma festa.
O Ulisses é um génio criativo que tarda em ser reconhecido. Compõe punk-rock, sim, e muito mais do que isso, sempre de forma excepcional, o que o tornaria um excelente compositor para outros artistas ou em projectos paralelos. Poucos conhecem essa faceta.
Simultaneamente, reconheço nele capacidades de produtor que devia explorar mais – música onde toque fica com valor acrescentado…
O Ulisses é, para mim, o irmão que não tenho. Porém, esta opinião sobre o seu valor e sobre o seu potencial artístico é absolutamente independente da relação pessoal. Aliás, vejam-se os prémios internacionais que tem recebido como copy writer.
Sobre o futuro nada sei, ninguém sabe. Pode ser que lhe suceda o mesmo que ao Abrunhosa e, num instante, “rebente” no Verão de um ano qualquer… ele merece e a música portuguesa ficaria mais rica!


Luís Silva do Ó

26.10.04

The Fingertrips apresentam "Whisky" ao vivo

Os The Fingertrips (banda do nosso cronista Purple) apresentam-se ao vivo no próximo dia 1 de Novembro, pelas 23.00h no Hard Rock Café - Lisboa para dar a conhecer o novo single intitulado Whisky e produzido por Rodolfo Cardoso.
Este será o primeiro espectáculo da digressão de Inverno que está em fase de agendamento. As datas e os locais serão oportunamente divulgados.
A banda aproveitará a sua deslocação a Lisboa para marcar presença na Antena 3 a partir das 18.00h.

19.10.04

Concurso de Egos

Em primeiro lugar um pedido de desculpas pela não aparição no passado mês, falha especialmente grave atendendo ao primeiro aniversário daquele que responde pelo cognome de agitador de águas, o de todos nós, Canal Maldito.
Agenda carregada todos temos, a minha ditava desdobrar-me em tarefas múltiplas, com colegas de férias e rádios para trabalhar. Como por aqui não estive foi mesmo de todo, daí que não tenha visto em tempo real reacções a escritos anteriores. Passadas que estão algumas semanas, parecem-me exageradas e respostas de calor do momento, respeitando, contudo, se forem mantidas. Continuo a achar que quem dá a cara tem de ser respeitado nesse facto. Bem sei que – como censura não há – e tempo cada vez menos os administradores do Canal não podem andar sempre a retirar comentários, ainda que estes tenham alguma carga de ofensabilidade na óptica dos cronistas. A tais comentários é dar-lhes indiferença, dado que também por aqui passam frustrados da rádio e da música, à semelhança do que acontecia no que de mau tinha a Telefonia Virtual e que ainda agora tem a Telefonia Real . Há muito quem não resista a enviar umas atordoadas a coberto do pretenso anonimato, quando, se aparecesse de boa fé, seria tão mais fácil enviar um e-mail a um de nós que não foi suficientemente claro ou quando se lê e não se compreende inteiramente o que está escrito. Devemos respeitar-nos a nós mesmos e aos outros.
Tudo e também o mundo da nossa música portuguesa melhor funcionaria se a tolerância e o respeito pelas diferentes opiniões e formas de encarar as coisas fosse a tónica. A virtude da diversidade.
As personagens, os mitos e as Instituições têm esta coisa lixada de serem únicos. Só existem uns Nirvana, uns Chiclete, um Jim Morrison, um Sexo dos Anjos, um CMR e um novo fôlego de cada vez.
Temos egos de todos os tamanhos e com toda a espécie de expansibilidade. Sei que não tenho dos mais pequenos, restando-me um falso consolo de existirem maiores.
Se, mantendo as suas características, os egos se juntarem sem radicalismos que chateiam até quem os tem, até chego ao ponto que julgo saudável de acreditar que vamos lá, a um ritmo que se há-de ver. Assim, penso que a divulgação da música portuguesa (que mais não é do que uma etapa de toda a indústria ou concretização de arte, para o caso tanto faz) passa cada vez mais por uma focagem equilibrada e articulada entre as bandas ou artistas, as editoras, a televisão, a rádio e as entidades que promovem e oferecem ao público a possibilidade de assistir ou não a um bom concerto de música portuguesa.
Isto para se acabar de vez com as grandes teorias que não resolvem problema algum à nossa música, as que dão conta dos pobrezinhos dos músicos que nem sequer o salário tiram fazendo o que gostam de fazer, dos “maus” da rádio que não tocam o disco, dos exploradores dos agentes, da intelectual editora, do frango assado e da batata frita de pacote quase a passar a validade. Sendo contra a generalização, reconheço que há quem trabalhe bem nesta ou naquela área, há quem não veja o seu talento reconhecido e temos também quem se mostre reticente em olear as dobradiças de portas que se querem abertas.
Convém dizer que quando falo em concurso de egos é no sentido de junção em termos de trabalho conjunto pela música portuguesa. Todos no tal lado certo que é o mesmo, com o fim último de apoiar a nossa música, sendo que ela também tem de fazer por si muito melhor do que tem feito até aqui.



Os 25 anos dos Xutos


Muito se escreveu acerca dos 25 anos e do último disco dos Xutos. Apenas digo que gosto mais do segundo single – “o mundo ao contrário” – do que do primeiro. Parabéns à banda por um aniversário que é um marco, tendo também como função pedagógica dar motivação aos que por cá estão há menos tempo. Afinal, tal como noutros casos, é possível.


Uma das festas da terra

Já aqui se falou do papel das autarquias país fora na promoção de espectáculos. Da postura que deveriam ter.
A Câmara de Santiago do Cacém – a minha terra natal – contratou – num rasgo de desespero de marketing, Tony Carreira, para a Feira do Monte deste ano. Resultado, milhares de pessoas vindas em autocarros de excursão oriundas de todas as zonas do país, pouca gente da cidade, numa decisão que numa lógica de come e foge nada acrescentou ao turismo ou ao bom gosto da casa. Como é que uma autarquia investe numa época de música planeada – Cerromaior – e depois faz destas? As bandas pop / rock da terra e arredores ficarão, mais uma vez, para outras núpcias.


O contexto

Sei que temos coisas boas de UHF e outros à espera da luz do dia, o que me deixa mais descansado.
Gostava que nos chegasse às mãos mais produção nacional minimamente capaz de tocar na rádio. Com uma sonoridade, que, não restringindo a criatividade de artistas e bandas, tivesse algo de comercial, de “orelhudo”, para que se faça vender a si mesma. O que tem vindo ultimamente é feito com gosto e em alguns casos com uma produção aceitável mas não passa do espectro alternativo, pouca oferta de pop / rock não pesado ou de algo que não entre apenas no mundo da fusão e do experimentalismo e que de âncora para quem escuta pouco tem. Orientem definitivamente a vossa produção para o grande público, não descurando as franjas que já se tem. Mandem as coisas para as televisões, para as rádios, imprensa escrita e para as autarquias, espero que esbarrem e se relancem na modéstia e na humildade de alguém que as saiba escutar, porque ouvir, qualquer um ouve.

Bruno Gonçalves Pereira

11.10.04

Disco: My Tie – The Prize (Blitz)

The Prize é um bom disco de canções Pop, onde o feeling prevalece acima de tudo.
Esta banda de Tomar mostra a sua dedicação no cuidado que tem a trabalhar os arranjos de cada instrumento, em função da canção. O conjunto faz o todo e assim é que deve ser!
Numa cruzada de melodias, sucedem-se as canções, que à terceira ou quarta audição já estão no ouvido.
Comprem este disco e vão descobrir uma nova banda, portuguesa e independente, que não conhecem e que vale mesmo a pena!
The Prize foi disponibilizado com o Blitz, por mais 7€, numa continuação da saga de edições do jornal nacional de música. Uma iniciativa de grande importância e valor incalculável para a nova música Portuguesa.

Contactos da banda:

Concertos – geral@mytie.info

Site – www.mytie.info

Blog – mytie.blogspot.com


António Côrte-Real

6.10.04

O reverso da medalha

Pois é... este mês atraso-me um pouco, fruto do fim de semana prolongado. Afinal, eu também tenho direito.

Os The FingerTrips andam prestes a lançar um novo trabalho. Nada demais, desenganem-se. Nada de mega-projectos. Nada de álbums, nada de DVDs, nada de fotografias dos membros da banda em roupa interior. Nem tão pouco o anteriormente planeado "Tringle" com as tais 3 músicas. Nada disso.

Trabalhamos apenas num single. Uma música. Bem sei que ao ouvido final isso soará a pouco. Muito pouco. Então estes gajos tocam em tudo quanto é lado e passados 3 anos só têm 3 músicas editadas?! É.

A música chamar-se-á "Whisky" e deverá ter direito a um videoclip por altura do seu lançamento para as rádios. Não está planeada a sua venda. Nada para entregar em mãos aos fãs desta vez. Antes procuraremos fazer disto uma pequena prenda para todos os que gostam de nós e nos queiram ouvir. Será enviada para rádios e será distribuída gratuitamente a quem possa interessar, via internet. É pouco? É o que nos é permitido editar de momento.

Não estamos para hipotecar o nosso futuro enquanto banda e enquanto indivíduos para fazer um álbum que, ao fim e ao cabo, seria um risco. Poderia ser muito bem aceite e poderia ser a nossa ruína (sem que uma coisa invalidasse a outra). Poderíamos gravar um álbum. Lançar 5000 cópias no mercado. Ganhar aquele "estatuto" de banda com álbum. Ter uma medalha para mostrar e uma cicatriz nas costas a provar que a merecemos. Claro que, não tendo grandes meios financeiros para isso, a solução seria hipotecar uma parte do futuro da banda. Como outros o fazem, comprometer-nos-íamos a tocar umas quantas dezenas de concertos, algures pelo país, como forma de pagamento pelo investimento feito. Tocaríamos de borla, portanto, mas no fim ficaríamos com um trabalho nosso. Ah... Está bem. Mas... e seria assim tão bom quanto isso?!

Vejamos. Não toco pelo dinheiro, mas gostava de poder receber o suficiente para poder TOCAR por profissão. Não me parece que esse horizonte se aproxime em breve. Ainda assim, por brio e interesse em levar isto avante, não tocamos de borla (os amigos que o merecem vão gastando os seus créditos). Sabemos que o trabalho que iremos lançar, se correr bem, poderá dar mais um pequeno impulso aos The FingerTrips (dizer "catapultar" seria muito, não?). Mais exposição implicaria maior visibilidade, maior interesse por parte das promotoras de espectáculos e, consequentemente, melhores preços a serem pagos. Na escala em que nos encontramos, ressalve-se que os valores reverteriam por inteiro para o próximo trabalho, a exemplo do que se tem feito com este single+videoclip. Mas talvez com mais dinheiro conseguissemos fazer um trabalho mais extenso e mais cuidado. Talvez em vez de um single pudessemos optar por um álbum. Que temos as músicas já nós (e quem nos segue) o sabemos, mas investir o corpo e a alma para ver passar uma música na rádio e ter a tal medalha não é motivo para querermos ter a tal cicatriz.

Assim, desta forma prevemos que ao eventual sucesso da Whisky nas rádios, poderá contrapor-se um eventual aumento das solicitações e encaixes resultantes das mesmas, que poderá, por sua vez, ser aplicado em novo trabalho que serviria para novos concertos e por aí em diante.

Por outro lado, o que nos esperaria se optássemos por empenhar o nosso futuro pela tal medalha?! 50 concertos?! 50 concertos marcados a caneta de tinta permanente? 50 concertos daqueles que dizem "amanhã vão tocar ali perto do cu de judas, tens que sair do teu emprego às 2 da tarde e estar lá às 7"? 50 concertos que poriam em causa a minha vida profissional (aquela que sustenta a minha curta carreira na música)? Não sei... teria a medalha... mas talvez a cicatriz resultasse maior do que o esperado? Talvez matasse a proverbial galinha dos ovos de ouro... Sim, porque ter um álbum no mercado não significaria profissionalismo no mundo da música. Que o digam outros milhares de bandas nacionais que, com álbums, vêm os seus membros cumprindo as suas obrigações profissionais. Porquê? Porque esses 50 concertos seriam os tais em que se notaria o impacto causado pelo álbum. Porque neste mercado de pastilha elástica, o álbum não renderia durante muito mais tempo além desses 50 concertos espalhados pelo país. Ou seja, não teríamos o investimento, mas também dificilmente veríamos o retorno desse investimento, que nos permitisse fazer disso um investimento continuado, uma vida, uma PROFISSÃO.

O imediatismo tem destas coisas. Teria um álbum, teria a minha medalha... Mas teria deixado a terra árida. Teria que recomeçar tudo de novo ou quase. Porque ao fim de um ano, esse álbum é apenas mais um poeirento nos escaparates e nos móveis e já não nos convidam para ir tocar em função dele. "Esta noite, ao vivo, a banda sucesso em 1997!!". É a tal pastilha elástica. Masca-se, deita-se fora. Uma banda não pode estar muito tempo parada a não ser que tenha atingido um estatuto que lho permita. Quantas bandas que foram sucesso há 3 anos atrás estão hoje na mó de cima?! Ou quantas dessas bandas têm um trabalho consistente, com mais um álbum na calha? ...E quantas dessas bandas nos deixaram para sempre, vampirizadas por este mercado até ao colapso, vendo um partir para trabalhar num restaurante, outro como caixa do continente e a menina das vozes num cabeleireiro?

É a cicatriz, que muitas vezes é bem maior que a medalha. E não adianta ter-se uma medalha se não se tem roupa para a pendurar.

Posso não chegar a fazer da música a minha profissão, mas pelo menos não jogo tudo nisso. Não me posso dar a tal luxo. Não tenho casa para pagar e filhos para criar, mas posso vir a tê-los em breve e por isso em risco por um reluzir efémero e ténue na triste realidade da música moderna portuguesa não me parece sensato. Agrade a quem agradar. É que a mim, pouco ou nada podem exigir. Exijam-no aos outros, que vivem disto!

AFP: TOP 30 ARTISTAS - SEMANA 40/2004

No top semanal de vendas da AFP encontramos 8 projectos musicais nacionais nos 30 primeiros.

4º RE-DEFINIÇÕES (OU) - DA WEASEL (CAPITOL/EMI-VC)
9º VAGABUNDO POR AMOR (P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL/ESPACIAL)
12º FADO CURVO (P) - MARIZA (VIRGIN/EMI-VC)
16º CINEMA (PR) - RODRIGO LEÃO (COLUMBIA/SONY MUSIC)
19º OLHAR EM FRENTE (OU) - BETO (FAROL MÚSICA)
23º ESQUISSOS (OU) - TORANJA (POLYDOR/UNIVERSAL)
29º MESA - MESA (VIRGIN/EMI-VC)
30º O MUNDO AO CONTRÁRIO (OU) - XUTOS & PONTAPÉS (MERCURY/UNIVERSAL)

(PR)-Prata (OU)-Ouro (P)-Platina (2P)-Dupla Platina (3P)-Tripla Platina

Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal