31.3.04

Música & Rádio, Lda.

Cumprindo os objectivos deste blogue, a excelente crónica "O Invento" de Bruno Gonçalves Pereira, gerou um aceso e vibrante debate sobre a música e sobre a rádio dos novos tempos.
A intensidade dos argumentos motivou forte argumentação entre os nossos estimados comentadores, o autor e outros dois cronistas: os músicos António Manuel Ribeiro e Ulisses.
Como o texto é de 17 de Março, mas a maior parte do debate é bastante recente, decidimos compilar os 60 comentários e apresentá-los no formato de um normal post.
Não tanto para que gere nova troca de ideias, mas para que as ideias e contributos destes excelentes comentários não se "percam".
Esta é a verdadeira crónica da semana!
Um obrigado a todos pela participação.

Canal Maldito




Devia ser assim, Mr Soul. Mas... playlist oblige. Dirá que há formas sensatas de construir uma playlist. Pois há. Mas estão em minoria, os sensatos. Já lá vai o tempo em que o apresentador/animador tinha liberdade de escolha e até podia "dar-se ao luxo" de pensar. Sabemos que hoje é tudo muito diferente. E sabemos como são feitas as playlists. E sabemos até qual a origem do "pecado". Que fazer então? Talvez... pois!!!

Antonio Dias | Email | 31-03-2004 13:53:04


Eh pá, se a música for boa e bem feita, se não passa numa rádio, passa noutra...desculpem a insistência

Mr soul | 30-03-2004 16:36:41


Amigo Bruno: eu não estou nem quero atacar nada nem ninguém. Precisamos todos uns dos outros. Como dizes, e bem, os músicos precisam das rádios para promoverem os seus trabalhos, venderem discos e concertos. As editoras precisam das rádios para venderem discos, e as rádios precisam dos discos para terem audiência e venderem publicidade que é o que lhes dá dinheiro. O problema está é na forma como toda a gente parece trabalhar. As editoras editam muita coisa má porque quem está à frente devia estar era atrás. As rádios passam as músicas que passam nos "testes" mas que não passam pela cabeça de ninguém quando deviam passar aquilo que não passam. Esta redundância é gira:-) Ou seja, os músicos é que, quase sempre, estão "lixados" porque vêm os seus trabalhos nas gavetas dos A&Rs, vêm os seus projectos mortos à nascença e trabalham que nem mouros. As rádios estão sempre garantidas porque têm material de sobra para trabalhar. Tudo para dizer que sou contra o sistema de testes das rádios, contraa política editorial das editoras, contra a falta de sítios para se tocar, contra os mesmos que comem tudo e não deixam nada, contra o elevado preço dos Cds. Sou do contra.:-) abraço

ulisses | 30-03-2004 15:12:39


Uma saudação a todos em especial e ao Ulisses em particular :-) já q se continua a falar de rádio, mais uma achega, hoje não há horas no dia para ir a muitos concertos, com a preparação cuidada da comunicação com o ouvinte q não se fazia até há meia dúzia de anos atrás, o resto q vocês sabem, como o transito a cidade e a própria vida fazem o resto, mas ainda assim a rádio (pelo menos aquela em trabalho) organiza concertos de música portuguesa, entre outros santos e pecadores e fingertips, como é do vosso conhecimento. Vou a poucos concertos de música q estejam fora do público com que trabalho que é o generalista, nem seria a minha função, não q não goste de ir como particular. Vai uma aposta? Acho q são muitas mais as bandas q têm discos nas gavetas das editoras do que os discos q eu tenho aqui na minha por tocar e espanta-me q quem já sofreu na pele esse processo defenda a forma de trabalhar de quem edita neste país... agora a rádio usa a música para ter audiência e os músicos usam a rádio para se promoverem.
sei q muitos colegas do éter estão espantados com o ataque às rádios por parte dos músicos, eu próprio tb, mas não é novo, agora cada um tenta fechar as portas q quiser e já se devia saber q a rádio não volta atrás no tempo, evoluiu, está mais perto das pessoas e é por isso q tem muitos mais ouvintes, pelo menos as q deram o salto. Espera-se q a música faça o mesmo e de preferência com menos defeitos q a rádio q é para não ser tão criticada. A rádio não é dos músicos, e deixou de ser de si própria faz tempo, agora é dos ouvintes, do grosso da população, há estações que cheguem para passar música que a generalidade não gosta, não queiram que toquemos obras rejeitadas pelas pessoas para quem trabalhamos. Sempre gostava de saber onde foram tirar a ideia disparatada de que o Rui Veloso foi dispensado de avaliação... os nossos ouvintes acham-na fantástica! Se não tivesse exclusividade arranjava uns trocos e oferecia-me como sócio para o novo projecto para fazermos uma rádio à antiga portuguesa ;-) abraços a todos

Bruno G Pereira | Email | 30-03-2004 14:21:09


Completamente de acordo com o Marco Martins. Ulisses, contribuo com mais cem contos... Pois é, onde anda a gente da rádio? Essa mesmo que na rádio, comunicava. A essência da coisa. Onde anda a rádio? A coisa.

Antonio Dias | Email | 30-03-2004 13:26:57


Grande Bruno: concordo contigo em alguns pontos mas discordo noutros tantos. Sinceramente acho que o que faz falta é aproximar mais as rádios dos artistas e vice-versa. Acho que a Rádio, ou grande parte das rádios, têm perdido o "talento" de descobrir potencialidades, de lançar ideias, de triar a própria música. Penso que a "papinha" chega demasiado mastigada, sem margens de manobra, depois ou se gosta, ou não se gosta. E isso limita. A postura elitista de uns e o conservadorismo arcaico de outros acaba por castrar, por rotinar. É por isso que muita gente que ouve e entende de facto de música, já não consegue ouvir a Rádio dos dias de hoje. Onde andam os verdadeiros homens da rádio? Aqueles que "papavam" os concertos todos, os que até iam aos ensaios das bandas, que davam ideias, alguns até escreviam temas? Por um lado acusa-se os músicos e as editoras de serem pouco auto-críticos em relação ao que criam e editam e de quererem que as rádios passem à força, por outro a formatação estabelecida evita que o que é ...realmente bom não consiga chegar ao público. Eu so não faço uma rádio porque de certeza absoluta custa mais de 100 contos. :-) Grande abraço e bom trabalho.

ulisses | 30-03-2004 12:56:35


Caro Marco Martins: Tambem conheço alguns animadores de radio e alguns responsaveis por playlists, e quando a música é boa eles gostam e passam, e tb sofrem quando as propostas k lhe chegam não estão de acordo com o seu público, a sua orientação estética ou com o nível qualitativo que se exige ás suas estações... De qualquer forma podemos sempre não sintonizar essas radios e preferir e divulgar outras que funcionam de forma mais atenta em relação á nova produção nacional...

Mr soul | 30-03-2004 11:37:33


Ora aqui temos uma discussão tipicamente portuguesa, vejamos, toda a gente tem idéias que se aproveitam de um modo geral, contudo, lá está a desculpabilização, tb me era fácil dizer q a culpa é da própria música, se há boa, tb me chega aos ouvidos mta em q até é mal empregue o custo dos cd's e os grandes nomes não são excepção. Qto às editoras é engraçado o cenário q se quer fazer passar do vassalo perante o senhor, q elas trabalham mal sei eu há catorze anos, tratam mal as locais e tentam impingir tudo e mais alguma coisa às nacionais, sem critério. Enquanto continuarem a aumentar os ouvintes e as receitas publicitárias é difícil mudar a filosofia da rádio, esta é a verdade. A rádio pública, a única tutelada pelo governo, tem um dia para a música nacional num dos canais, ainda bem, só q tudo ao molho... os outros canais da rdp tocam mta musica port, temos um estado proteccionista, agora os músicos não estão satisfeitos e porquê? porque os canais q tocam predominantemente a música portuguesa não têm audiência em relação ao q nos custam, mas defendo a sua existência plena pq as pessoas têm direito a ouvir o que gostam ainda q sejam uma minoria de pouco mais de 15%, não temos qualidade musical para tocar metade da música em português, todos o sabem, espero q as coisas se alterem, mas nesta altura é assim, os canais privados tocam o que lhes dá audiência, se se deve apostar mais, sim senhor, se se deve priveligiar este ou aquele, não. Mas compete às bandas e às editoras mudar a música, a rádio tem dificuldade em mudar hábitos enraizados de não gostar do que é nosso, apesar de até as privadas tocarem gomo, ez special, fingertips, blind zero, polo norte, sofia gaspar, susana felix, jp pais, uhf, delfins, gnr, veloso, represas, belinda more, xutos - em temas novos - discussão portuguesa porque a culpa acaba sempre por ser do governo, o que o estado deveria fazer era tornar a rádio pública menos cinzenta e de encontro aos públicos e acreditem q tal não se consegue por tocar em especial música portuguesa passa por falar a linguagem de quem nos escuta e q sabe o q gostamos de fazer e nós deles, por não apresentar, antes comunicar. Não eram necessários excessos de linguagem para demonstrar revoltas legítimas. E esta discussão, este blog é sobretudo sobre a música portuguesa, a telefonia é algo secundário aqui, é para ser usada qd nos dá jeito e tocam a nossa música e depois transformar em "inimigo", "mastiga e deita fora" - a música, que é o que nos faz vibrar seja em disco, ao vivo, na rádio ou tv, merece mais do q radicalismos à força e q a contra-informação q tb aqui vi, qd nem se faz às vezes idéia como as coisas funcionam "aqui em casa", respeitar a música nossa passa, antes de mais, por todos os intervenientes se respeitarem a si mesmos. Espero q seja em breve q se discuta exclusivamente a música em si mesma. Acho q ela se deve, em certa medida reinventar com uma nova largura de vistas de quem a coloca cá fora, o resto parece-me tal como à gd parte de vocês, acessório. Sem receio das palavras, 1 abraço

Bruno G Pereira | Email | 30-03-2004 08:58:27


Só faltava dizer que a culpa é do governo e que foi o Durão Barroso a inventar as playlists! :-)

Gomes | 30-03-2004 07:55:09


O que algumas rádios precisam é de um voto em branco, como aconselha o nosso nobel da literatura numa vertente estritamente política. Ou então sempre podemos seguir o exemplo espanhol e mobilizar as pessoas através de telemóvel, motivá-las à surdez ou à abstinência temporal. Mas o que faz falta à malta é sem dúvida um novo conceito de rádio que rompa lobbies e faça a diferença, porque nesta altura as grandes rádios não quase todas iguais. O seguidismo Barrosista e ineficaz está bem patente também nas rádios. Até quando iremos continuar a importar a nossa própria desgraça?

Toquimguedes | 30-03-2004 07:46:35


Caro Soul, os animadores não se lambem nada... se os conhecesse como eu, sabia que eles querem passar coisas novas e boas mas a playlist da radio nao deixa. Hoje quem decide não é o animador mas o que os responsaveis das palylists decidem. O ultimo tema do Rui Veloso passou sem haver estudos, o dos Delfins porque eram banda sonora da telenovela da TVI, e depois dizem que os estudos justificam as passagens. Muitas vezes sim, mas existem as excepçoes que ninguem consegue justificar. O AMRibeiro penso que tem muitas razoes das rádios porque a RFM vetou a Lagrima Caiu e a RComercial tambem nao divulgou o tema. Nao sei que motivo leva as radios a passar um tema como o do Rui Veloso, que nao gosto mesmo nadinha, e depois esquece coisas com a dimensao da Lagrima Caiu. Os animadores estao de maos atadas e nao passam nem uma musica por sua opçao.

Marco Martins | 30-03-2004 06:53:16


Caro AMR, pelas minhas contas os UHF passaram por mais do que 5 editoras... Metro-Som, EMI/VC, Rádio Triunfo, Edisom, BMG, Vidisco, AM-RA. A justiça leva-me a dizer que o disco Santa Loucura foi muito mal trabalhado pela BMG. Disco de prata (o vinil era duplo) apenas num trabalho que continha a Menina estás à janela. E nessa época as rádios passavam o disco.

Gomes | 30-03-2004 05:04:02


Caro AMR: com todo o respeito, e clareza para não ser mal entendido. Quando diz: "sabem a ginástica mental que um departamento de promoção faz antes de promover um disco novo nos dias que correm? Sabem a aflição que as promotoras/es vivem nas suas idas à rádio?" Eu digo, ... se a música for boa, os amigos da radio até se lambem todos... A questão é ter boas propostas. Quando diz "como é que se pode apostar em novos nomes? Suicído financeiro?" é suicidio financeiro apostar na miséria que se vai vendo por aí que vai assinando contratos c editoras e agenciamentos... Talvez mais critério, mais levantar o cu da secretária, talvez mais informação sobre o ramo, talvez correr atrás, talvez não editar por editar, talvez não dar tiros nos pés, talvez foder...

Mr soul | 29-03-2004 23:41:48


Só volto porque isto está a ficar profícuo - vê lá no que te meteste Bruno. Sair, no espaço de 2 dias, de 20 para 40 comentários, dá bem a noção da importância do debate. Ponto 1 - O meu passado justifica que raras vezes estive de acordo com as políticas editoriais - a travessia dos UHF por 5 editoras mostra a minha independência. Ponto 2 - As editoras cumprem o seu papel - editam. Bem ou mal, muito ou pouco, é outra história, que o mercado, o público, pode corrigir -não comprando uns, prefereindo outros. Ponto 3 - Tenho milhares de histórias (pequenas e grandes) sobre as minhas relações com os editores. Hoje só vos revelo uma: sabem a ginástica mental que um departamento de promoção faz antes de promover um disco novo nos dias que correm? Sabem a aflição que as promotoras/es vivem nas suas idas à rádio? Não existindo um convívio normal entre o mundo editorial e o mundo radiofónico, como é que se pode apostar em novos nomes? Suicído financeiro? Só não falei ainda da TV porque a discussão é sobre rádio, porque a rádio é o primeiro parceiro da divulgação musical - foi por isso que há muitos anos se inventou o éter. Não me apetece bater na rádio só por causa da música portuguesa - bato numa rádio que saiu do 1984 de George Orwell, uma rádio que simboliza "O Triunfo dos Porcos", uma rádio normalizada, sem cheiro, sem ondas, amiúde patética (mais música, menos palavras), que pretende uma audiência presa em cabides de bom comportamento. E a rádio não me ensinou isso. Já nem falo dos grandes locutores que este país teve e ainda tem. Mas falo sempre da divulgação. Sabem quantos discos (enormes)comprei entre 2002 e 2003 (estrangeiros) que esta rádio esqueceu, apesar dos nomes e da qualidade indiscutível? Por exemplo: será que o último disco dos REM só vale 1 single? E então o resto do disco? Sou amigo de muitos dos novos locutores da nossa rádio. Porque sou amigo só lhes digo: merecem mais e melhor.

AMRibeiro | Email | 29-03-2004 22:02:24


Caro Andrade: o que quero dizer c o "nao venho para aqui vender a minha banda" é que quando clico neste blog, não é para me promover, mas sim para falar da música portuguesa, não estou com isto a dizer que os músicos que aqui vêm e assinam com os seus nomes o fazem com esta ou aquela intenção, acho que fazem mto bem assinarem já que testemunham na 1ª pessoa das suas experiências, vivencias e k considerações isso lhe merece. Acho óptimo. só expliquei k a minha intenção não é promover os meus projectos mas sim acrescentar para reflexão outros dados... ... o reagir violentamente é anormal, mas torna-se normal quando o que tudo que aqui se discute nos condiciona o dia a dia, todos os dias, os problemas de que vocês aqui falam, são os meus problemas (não exclusivamente meus), sou eu e outros como eu, que não passam na radio ou televisão, sou eu e outros como eu que não são divulgados convenientemente, sou eu e outros como eu, músicos criadores portugueses que temos a nossa vida hipotecada porque a música portuguesa não funciona. A situação é terrivelmente pior, depois de mais um fim de semana em k tudo se repete, toda a gente gosta, toda a gente diz que a música e o espectaculo foi mto bom, mas ninguem PAGA... ninguem PAGA... Abraços para todos

Mr soul | 29-03-2004 17:30:58


Caro Helder: não foi minha intenção com as minhas afirmações afrontar ninguem, apenas entrei na discução e penso que não afrontei ninguem. Qto ao saber qual é a minha banda para justificar o k eu disse, acho q não faz sentido nenhum. Lá está, ou o que eu disse faz sentido ou não, seja a minha banda ou carreira boa ou má. quanto a eu ser perigoso, esteja descansado, porque ninguem liga au que eu digo, ou gravo ou toco, afinal se ligassem, este blog não fazia sentido, já que existe para que se passa a dar importancia à comunidade que vive e sente a música portuguesa

Mr soul | 29-03-2004 17:10:36


Algumas afirmações são perigosas..... "não venho para aqui vender a minha banda" cuidado que pode dar a entender que os objectivos dos outros músicos que escrevem no blogue procuram usar o blogue para vendas..... saber o nome das bandas dos comentadores parece-me absolutamente normal. Reagir dessa forma violenta é que será anormal. Quando se fazem algumas afirmações são mais sustentáveis se soubermos a que tipo de rádio a pessoa pertence ou que grupo integra!!!!

Andrade Mota | Email | 29-03-2004 17:08:31


Caro Lopes: a agressividade não é consigo, mas sim com a situação, tb não venho para aqui vender a minha banda, venho para aqui discutir a "Música portuguesa e o futuro", infiltrado das rádios nem pense nisso, sou músico. verdade verdade, é que falo pelos cotovelos. verdade verdade é que a "realidade dos músicos portugueses é esta" se quer acreditar porreiro, se não, porreiro, se o incomoda tanto dá, se não usa todas as palavras do vacabulário, perfeito. Como lhe disse, só preciso é que me paguem o cachet

Mr soul | 29-03-2004 16:54:48


tenha calma Lopes que este Mr. Soul tem um feitio perigoso. fala demais e aparenta ter mais conversa facil do que coisas reais. quando se fazem afirmações como o Mr. Soul faz era bom saber d que grupo faz parte. a sua observação, Lopes esta correcta e eu tb ia perguntar pelo nome do grupo. tinha curiosidade em escutar a musica de quem fala pelos cotovelos e afronta pessoas que dão a cara. eu trabalhei numa rádio local em évora e agora estou só como espectador. acabei com o programa que tinha porque estava cansado de tantos colegas que só sabiam lixar o meu trabalho. o ambiente nas radios locais é muito mau, nas nacionais é muito melhor pelo que amigos me contam. a vantagem das locais é que podia passar a musica que eu quisesse.

Helder Santos | 29-03-2004 16:43:04


Mr soul, por esta é que não estava à espera. Não compreendo essa agressividade e falta de educação para comigo porque apenas quis saber de que grupo faz parte. É esquista uma reacção assim violenta da sua parte quando todos procuramos discutir o futuro da música portuguesa. Não seria normal você dizer que é do grupo "X" ou "Y"? Você quer ser contactado para concertos mas nem diz a que banda pertence. Olhe que eu e outros por aqui não devo conhecer a sua banda e esta era uma boa oportunidade para conhecer. Agindo dessa maneira parece ter alguma coisa a esconder. Para bem de todos tente usar palavras menos ofensivas. Consigo não volto a dialogar porque não admito que use palavras dessas. Este blog não merece situações destas porque sempre foi sério e educado. Sugiro que o pessoal do blog olhe para estas falta de educação. E tudo porque me limitei a perguntar a que grupo pertencia este "músico", será que é ou é um infiltrado a defender as rádios?

Lopes | 29-03-2004 16:34:27


Caro Lopes: As minhas intervenções ou são correctas ou n, ou contem dados k importam p a reflexão ou n. Isto independentemente da minha, ou minhas, bandas serem boas más ou a caminho. Apenas procuro passar nos meus comentários o q é a realidade de quem faz música em Portugal e n têm um lugar ao sol, ou nas editoras e sobretudo não tem cachet, a realidade de quem se preocupa c qualidade, profissionalismo, seriedade mas a quem n é dado o mínimo de condições de trabalho pq vêm sempre com a merda de q é p promoção, de q é p entrar no mercado, de q é isto ou aquilo, mas nunca vêm c cachet. Ou seja será tão importante saber quem sou?... Sou músico a beira de um ataque de nervos... Sem tusto, sem pneus no carro e com a minha mulher a pagar as despesas da casa, a precisar de apresentar mais um disco no mercado p o qual n tenho dineiro, q sei que não vende, q sei que n se traduz em concertos, q sei k mta gente me vai dizer k esta mto bom, k vai passar nas radios (algumas) mas q sei q n vai render nada... Caguei no estrelato, no glamour, nas estrelas do passado. Caguei se compreendem ou não. Preciso é que me paguem pelo meu trabalho (eu, o Purple, os não sei o quê, os xupamos quilhões, os rockeiros de alfarelos etc etc etc). Precisava que os cachets fossem pelas competências e não pelo hype em volta das bandas ou pelo estatuto que têm, precisava que o meu telefone tocasse para mais um concerto mas com cachet digno... Agora se sou do Norte, Sul, Interior, punk, funk, dance, ou o caralho, não intressa, porque a realidade dos músicos mais novos é sempre esta...

Mr soul | 29-03-2004 16:17:40


Mr soul, concordo com muito daquilo que diz e as bandas menos conhecidas sofrem muito. Sei que o AMRibeiro é dos UHF. Para que percebamos melhor os seus exemplos, Mr soul faz parte de que projecto?

Lopes | 29-03-2004 14:04:03


Caro AMR: as nossas perspectivas são diferentes pk se se queixa de censura, eu queixo-me de censura, falta de respeito e indiferença, é que o AMR da 50 (?...) concertos por ano em que o seu cachet pessoal é maior que o cachet da minha banda e das bandas novas que se vão ouvindo por aí. não digo que o seu seja mto alto, o nosso é que é uma merda, e se o nosso for uma merda, o pessoal vai trasbaalhar p a edp, ou para o continente, e esqueçe a música, e sem este pessoal novo na música, quando o AMR morrer (daqui a mto tempo espero) acabou a música portuguesa. se as rádios têm culpa... acho que ja tiveram mais... quando falo em cachet da minha banda menor q o seu pessoal, falo de pagar a técnicos, viagens etc etc, c a agravante que o proximo disco que editar vai sair do bolso do pessoal e não de uma editora, ou seja... puta que pariu esta merda... estou farto de levar no corpo e não ver o trabalho reconhecido em euros, e de tanto levar no cu começo, eu e mais não sei quantos como eu, a desesperar. e a pensar que mais vale estar paradinho sem laivos de criatividade ja que isso custa mais do que dinheiro, custa a vida de uma pessoa... e se aqui discutimos o futuro da música portuguesa, penso que a minha perspectiva não será tão errada quanto isso...

Mr soul | 29-03-2004 12:44:32


O que o Purple escreve no seu ultimo texto é da máxima importancia, ainda mais depois desta discussão que está a haver neste texto.

Lopes | 29-03-2004 10:55:26


Está enganado. As editoras editam poucos discos os que lhe apetece e ao calhas, não acho que façam o seu papel, quantas faltas de respostas já tivemos nós e milhares de bandas, como já aqui disseram, são faltas de respeito a quem faz música. As editoras sempre foram o grande entrave ao avanço da música e o AM Ribeiro sabe concerteza isso melhor do que aqui o pessoal, a banda- Creeps - não tem vinte e tal anos. Já vi que a rádio é o bode, mas eu venho ao blog por causa da música, o Bruno GP tem aqui a difícil tarefa de representar as rádios com este clima uma beca hostil. Já enjoa este bater na tecla da rádio, se calhar é quem tem menos culpa, a televisão que tal? Não me lembro das novas dos UHF na tv. Não ouvi na rfm (tb oiço pouco) e na comercial apenas uma ou duas vezes há meses, na 3 tem dado agora a que ainda há-de sair em disco. Tenho ouvido novas dos mesa, fingertps, ez, rui vel, uhf,gnr e mais. As bandas tem de se aliar ás rádios e apertar com as editoras e não se fazerem de vitimas e atcar tudo. Abçs

J . Waldir Santos | Email | 29-03-2004 09:14:56


Venho fechar a porta que abri. Em discussão plena temos sempre todos razão, mas o que aqui tem estado em debate é mais do que uma discussão - trata-se de divulgar ou não a música que os portugueses fazem HOJE. Se tudo aquilo que aqui foi escrito é pertinente, lembro que os amigos intervenientes passaram o tempo no papel de críticos - consultores de qualidade (?) - tocaram até as editoras e os famosos desconhecidos que são os AeRs. Não é disso que eu falo. As editoras fazem o seu papel: EDITAM DISCOS. A rádio não faz o seu papel: NÃO DIVULGA. O público está no seu papel: os avisados ESCOLHEM; os outros SÃO O MEXILHÃO. E é por aqui que eu me fico: a Rádio que se faz neste país, sem norte ou índice cultural, quer viver de uma mania nova - só passam os sucessos do passado - quando o seu papel na cadeia da indústria musical de um país é divulgar. Dizem os dicionários, sobre o verbo DIVULGAR, cito: tornar público, dar a saber, espalhar, vulgarizar. Parece-me, meus caros, que as canções velhas não cabem nesta definição. Por outro lado, senti neste espaço uma certa defesa da divulgação da música nova que se faz neste país. E o problema também não é esse. Essa é uma guerra sobre os BIs dos músicos deste país. O que a música portuguesa precisa é de ser respeitada como acto criativo feita por craidores, englobada num sistema profissional e industrial e pô-la cá fora. Se essa auto-estima funcionasse, se os portugueses se habituassem a comprar mais música nossa, poderíamos num futuro próximo entender que o nosso som era exportável, porque tinha o peso de uma força interna. Falar do caso espanhol cansar-vos-ia, mas se vos referir que há pouco anos nas contracapas dos LPs australianos aparecia o aviso "disco é cultura", talvez agora se perceba por que o rock cangurú anda por aí a dar cartas. Divulgar é mostrar, é ser lúcido, é ser atento. Censurar, justificar, é aparlemar o estado natural das coisas. Será que o Bruce Springsteen discute esta matéria nos states? Será que o gajo é censurado? Mas eu sou.

AMRibeiro | Email | 28-03-2004 09:02:11


Parcialmente de acordo, Mr Soul. O que dá, ou pode dar, continuidade à questão. Um abraço.

Antonio Dias | Email | 26-03-2004 14:36:01


Caro António: Posso concordar que a rádio é pior agora, e que existem lobbys, mas tambem há muita gente que passa na radio sem cheques, lobbys, ou segundos intresses. E tb há a Antena3 que de uma vez só tornou uma série de projectos em projectos nacionais, e que passa gente nova que até ao Montez não passavam em sítio nenhum quanto mais em ondas nacionais e a qualquer hora. Estou a falar de muita gente que faz música e que até há pouco tempo, 2/3 anos, fazia som e mostrava aos amigos e mais nada. Esta postura da A3 ainda puxou para a causa nacional (mas dos pequeninos) a antiga Comercial, agora bestrock, que na sua estética, deu em ter nomes nacionais tb a qualquer hora. A TSF, tinha uma lista bem portuguesefriendly, com mtos dos jovens nomes da cena emergente nacional. Ouvi há pouco tempo, OVO na Antena1. Ou seja, tem estado bem melhor do que costumava ser. A cena foi mudando tb apartir dos Gift, que mostraram que se podia fazer sem se ser de Lisboa ou Porto, e que os srs A&Rs se espetam vigorosamente nas suas opções, estratégias e métodos. A quantidade de nomes que em 2 anos apareceram em formato nacional, não me parece que tenha correspondencia noutra altura. Ainda como dado altamente positivo, a qualificação dos músicos e o esclarecimento dos mesmos. Finalmente vêm-se bandas em Portugal que não são Rock... viviamos num país onde tudo guitarrava. Neste momento a electronica está em grande força, com 20 anos de atraso em relação aos outros países, mas finalmente chegou... Concluindo, a formatação, a crise, as rádios, a televisão, o pimba... nada disso castrou a nova geração que apesar de tantas adversidades, edita de autor, faz tours, video clips, entrevistas, concertos, muito mais do que o que se fazia noutra qualquer altura

Mr soul | Email | 25-03-2004 00:54:28


Se me permitem, direi apenas, e para não cansar, que a rádio de hoje é consideravelmente inferior, qualitativamente, à rádio "dos anos ontem". Genericamente falando, já se vê. Lobbys on the way? Elementar, meus caros, elementar.

Antonio Dias | Email | 24-03-2004 14:46:50


mto boa esta discussão, posso meter a colherada?... aqui vai, parece-me k os 2 têm razão, se bem k... o exemplo espanhol dos consultores logo nas editoras parece-me + acertado, desculpe mestre AMR, mas se formos + selectivos na apresentação das propostas, mais facilmente conveçemos o público, já k oferecemos qualidade. K é coisa k aqui em Portugal, na minha opinião, n temos. Mto importante é o papel da tv nesta coisada, e em Portugal, TV e música são coisas separadas, e a esses ninguém f*** a cabeça. Mas p além da razão q dou aos dois, gostava de acresecentar algo de novo, e os músicos?... sim, os meus colegas?... esta classe esta devidamente esclarecida e fará tudo ao seu alcance?... por mtos exemplos k conheço digo k n, e se as editoras e as rádios e etc falha, n têm q ser os principais envolvidos a lutarem pela qualificação das propostas?... Se eu tivesse uma rádio n sei se poria mtas bandas nacionais no ar, por n reconhecer à produção nacional valia, competência e pertìnência. Como ja disse uma vez, não ouço a radio do Bruno, não por isto nem por aquilo, mas pk a formatação da coisa não é para mim. mas eu não sou padrão, nem sou melhor nem pior, não sou padrão. A radio do Bruno tambem não passa a minha música, na minha analise, pk a minha música não é para aquela formatação. Se gostava k passasse, gostava, mas sei k não passa pk alhos não são bogalhos. Mesmo assim, neste discussão "estrela rock/estrela da radio" acabo por me inclinar para as razões do Bruno. E com argumento simples, de que se os ordenados fossem pagos da minha conta bancária, eu cria ouvir os consultores em relação a que música passar. Se a música que eu gostava de ter no ar não obtivesse a aprovação dos meus consultores, tb como o Bruno pensaria qual a formula para na criação musical, ajustar intresses, estéticas e linguagens sonoras para o público da minha rádio, que esse não posso deixar de servir, já k é esse k paga contas...

Mr soul | 23-03-2004 17:30:30


Fiquem sem perceber porquê juntar a Antena 3 com a Capital e com a Renascença... o autor pode explicar ?

GC | 23-03-2004 12:27:52


Pode parecer que o último quer ter razão, mas não é o caso. As tuas justificações levam-me a crer que a rádio em Portugal só passou a ter ouvintes há muito pouco tempo, ou seja, se não fosse a tal "fórmula científica" actual, não se ouviria rádio. Falares dos últimos tempos da Rádio Cidade como exemplo não é curial, porque terias de falar do corte de potência da antena, preparando a sua queda. Por fim, não me apetece discutir mais se a música portuguesa é ou não boa para a rádio que hoje se faz. Será que a rádio merece a música deste país? Saberão as pessoas que fazem rádio (toda a estrutura), o esforço que as editoras fazem para lançar novos discos sem saberem se haverá uma janela para os divulgar ou apenas manias? Terei de revelar uma ou várias cenas absolutamente caricatas e anómalas que os promotores enfrentam diariamente nas rádios? Se a rádio de há vinte anos fosse como a de hoje, os "Cavalos de Corrida" teriam sido um sucesso, abrindo as portas de um movimento musical? Um abraço.

AMRibeiro | Email | 22-03-2004 23:03:19


Mais uma prosa, antónio, acompanhada de saudação e de rectificação... quando digo que a curva geral de rádio tem vindo progressivamente a aumentar, quer dizer que hoje temos um maior número de pessoas que, genericamente, ouve rádio.Não falo nem de percentagens para esta ou para aquela , não se trata de share. Um programa da manhã ou de final de tarde tem dezenas de vezes mais ouvintes do que, por exemplo, o pavilhão atlântico apinhado de um lado ao outro. A antiga rádio cidade na sua fase final tocava apostas e obras novas de toda a espécie e no mesmo dia em que o começa a fazer perde share até ao fundo com uma queda de 10 pontos. É revelador. A antiga rádio rock - rc chegou a ter mais de 9 pontos e desceu para metade qundo, como disseste, se tornou mais repetitiva e com muitos fundos de catálogo. Ninguém quer ter uma maioria de 200 ouvintes perante 50 da concorrência, as rádios para o grande público (no seu todo) trabalham para uma média diária de quase metade da população portuguesa.
Quanto a Espanha, sim, bom exemplo de bairrismo, mas pelos vistos os portugueses, infelizmente não gostam do que é seu e há que não esquecer que os músicos, as rádios e até os políticos também são portugueses, e se algumas rádios espanholas de sucesso não têm consultores, as editoras espanholas têm, de imagem e musicais, na fonte, não no veículo de divulgação, ali na origem se começa. A consultadoria não me mete medo, traz de bom uma visão mais isenta da minha. É tempo de afastar o lobo mau, não é por isso que vou deixar de puxar pela nossa música. Seja dos Delfins, dos Fingertips, dos UHF, GNR, Rui Veloso, de bandas menos conhecidas, todas elas estão em pé de igualdade quando são dadas a conhecer aos ouvintes em relação às estrangeiras. São claramente beneficiadas em relação a avanços sem rede os portugueses e ainda assim parece ser mais confortável apontar o dedo à rádio quando os problemas estão centrados bem antes, António. E mais pudesse fazer... conto com os poemas e canções para o caminho!

Bruno G Pereira | Email | 22-03-2004 22:01:47


Bruno, não abdico da bengalada queirosiana. Respeito-te como amigo e como radialista convicto, mas há reparos a fazer. Sabendo tu, como eu, que há uma sobreposição nas estatísticas sobre audiências, a rádio que se vem fazendo anda a perder ouvintes: é como nos partidos, a maioria é cada vez sobre menos, apesar de maioria. Quanto à música escolhida pelos ouvintes... a audimetria não é isso, é um jogo afunilado de tendências (os UHF, por exemplo, foram a análise apenas com os "Cavalos de Corrida", falo de 97, quando o sucesso se chamava "Foge Comigo Maria"). Perdoa-me, mas era a antiga Rádio Comercial (hoje Best FM?) que repetia esses sucessos anglo-americanos - eu ouvi e enjoei. Quanto "à música nova": Bruno, a rádio fez-se para divulgar canções, as canções de hoje, o momento. A Rádio Nostalgia é outra coisa, há em toda a Europa, mas não substitui a produção dos nossos dias. Olha para Espanha: eles amam o que fazem e não têm vergonha... nem consultores. Um abraço.

AMRibeiro | Email | 19-03-2004 22:45:22


por passarem coisas com bué de anos é que passam UHF, e músicas como a nova dessa banda conheço muitas bandas de norte a sul e de bué de xavalos que fazem melhor e que não passam em lado nenhum

... e isto | 19-03-2004 20:38:32


Como dizia o amigo Rui Veloso no programa ra RTP 1 sobre a discussão da musica portuguesa na rádio, " deixem de passar a cagada com 30 anos porque disso já tou farto e tenho os discos em casa!!! Passem música nova porque quero descobrir novos discos!!!" A frase foi mais ou menos esta, já passou um ano mais ou menos... Concordo com o Rui, com o António e nalguns pontos com o Bruno. Eu fao parte do ote que fez baixar as audiencias, pois deixei de ouvir rádio. O único dia que faço questão de ouvir é a quinta dos Portugueses na Antena 3 pois estou sempre a descobrir musica nova de bandas nossas como é o caso no novo tema dos UHF que tem estado passar na 3. Quando é que sai o disco? É que eu não faço loads! Quando gosto, compro e este disco vou querer comprar. Abraço a todos

isso agora... | 19-03-2004 16:19:31


É de bom tom a discussão de ideias, ainda mais entre amigos, António. Reafirmo que não foi a rádio q perdeu ouvintes, foram algumas estações, a curva geral aumentou. A música é escolhida pelos ouvintes (em 6 ou 7 rádios, precisamente as mais ouvidas) em igualdade de circunstâncias garantidas. Nenhuma das rádios de que faço parte toca os clássicos 3 vezes ao dia nem tenho conhecimento q outras o façam.O "light my fire" penso que não é sequer usual ouvir-se no éter. Mas se assim é, também estou em desacordo. Quanto à música nova, tenta-se tocar, mas ao contrário de muitos países o consumo não é um processo tão rápido, um single dura e dura... a discussão da música portuguesa passa pela rádio, mas, ao contrário do que se tem visto aqui e ali, começa por ela própria. A ousadia e força de novos projectos gerais ou das bandas a que nos habituámos a ouvir como os UHF já são um mais que bom começo de mudança, agora há as editoras, as tv's... um abraço e espero reencontro em breve no éter, em mais 1 das nossas sessões

Bruno G Pereira | Email | Homepage | 19-03-2004 15:22:29


Não sei se será muito curial ripostar mas, como somos amigos, decidi um alfinetada. Meu caro Bruno, a fonte que me informou sobre percas de ouvintes radiofónicos nos últimos 2 anos, é a de um profissional como tu, um homem da rádio, documentada. Sobre a "medição científica", não te leves tão a sério, que de ciência tem pouco, mais de convencimento: induzir uma análise é apontar-lhe previamente o resultado pretendido. Sobre o formato envelhecido da nova rádio: sabes quantos discos comprei o ano passado e no outro e no anterior, de nomes estrangeiros feitos, que a "nossa" rádio se esqueceu de mostrar? E sabes porquê? Porque a tal rádio "normalizada" de que falas passa por dia 3 vezes o "Light my Fire" (1967), mais 3 vezes o "Stairway to heaven" (1973), mais o... mais o... do meu baú. Um abraço Bruno - a rádio tem de ser criatividade sem funcionalismo.

AMRibeiro | Email | 18-03-2004 21:55:07


Tenho k dizer isto....já não oiço rádio como ouvia no tempo da XFM ou da Marginal e da Comercial nos seus melhores tempos...será da velhice??? A verdade é que a internet veio trazer novos limites, e ainda bem. Sempre gostei de ouvir novas coisas, e infelizmente a nossa rádio continua a pecar por isso. Prefiro ter uns mp3 no computador ou no leitor do carro. Alguns dizem k não há mercado para os musicos ditos menos "comerciais", mas eu discordo, há sempre mercado para todos, e nem só as Britney Spears ou as os Tribalistas vendem discos. No entanto é aqui que as editoras ganham o seu pão e consequentemente as rádios. Será que alguém ia ouvir a Antena 3 se passasse os Sgt Sunshine, por exemplo? Não me parece....e ainda bem, digo eu. Sei que parece contradição este meu texto, mas o universo musical é feito destas contradições...e ainda bem que elas existem......

Orlando | Homepage | 18-03-2004 20:53:58


Excelente texto, excelente abordagem...

Ronaldo Faria | 18-03-2004 08:15:23


Como pessoa ligada a estas lides radiofónicas, fico deveras satisfeito com o facto de alguém estar finalmente a perceber a importancia da rádio. É que para fazer um directo em televisão são precisas trinta e tal autorizações e outros tantos profissionais, para comentar determinado acontecimento na imprensa, bom só mesmo no dia seguinte. Em rádio impera o imediatismo, umas vezes melhor do que outras, reconheço, mas, não é dessa magia que vive, e sobrevive a rádio ? Um obrigado pela preocupação e por compartilharem com toda a blogosfera as vossas opiniões acerca do assunto. E viva a RADIO CAROLINE.

Ricardo | Email | Homepage | 18-03-2004 07:34:14


Estou muito admirado com este dado que diz que 4 milhões de portugueses ouvem rádio por dia. Quanto tempo é necessário ouvir de rádio por dia para entrar nestes 4 milhões? Não sou ouvinte nem da RR nem da Capital, mas sou da Antena 3. Também tinha a opinião de que eles passavam de tudo sem escolhas de seleção, mas nas ultimas semanas tenho notado que estao a melhorar bastante nesse aspecto. Força Bruno!

Lopes | 17-03-2004 13:05:02


Boa sugestão CapitaoFantasma tambem vivo longe e irei estar ouvindo pela web.

Helder Santos | 17-03-2004 11:49:16


Para quem mora longe de Coimbra (como eu) pode ouvir esse programa o "Santos da Casa" a partir do winamp no link k esta em www.ruc.pt. Tal como eu o faço sempre que posso

CapitaoFantasma | 17-03-2004 10:52:09


Felizmente são "malucos" como o Nuno que fazem as coisas andarem para a frente. Não encarei este texto do Bruno como o de alguém que não faz as coisas andarem para a frente, pelo contrário reparo que ele gosta muito de música portuguesa e que a divulga no seu programa numa rádio local e que tenta apoiar na Rádio nacional onde trabalha. O que precisamos é de gente como o Nuno, como o Bruno e como o pessoal que por aqui escreve. E como é de música portuguesa que se fala vamos todos remar para o mesmo lado. Apareça mais vezes Nuno, eu conheci o seu blog atraves deste onde estamos e tenho visitado o mesmo com regularidade. Parabéns pelo vosso trabalho na zona de Coimbra.

Andrade Mota | Email | 17-03-2004 09:34:20


Gostei! Eu ouço a Antena 3 e gosto muito da variedade, mas por vezes aquilo é uma grande misturada. A ideia de colocar temas a passar na rádio e estar ainda a gravar um CD parece-me boa e interessante. Penso até que isso está a suceder com muito sucesso com um tema dos UHF que tenho escutado na Antena 3.

Helder Santos | 17-03-2004 09:26:06


Consulte o blog do programa Santos da Casa da RUC. Em Coimbra existem dois malucos, que sem ganhar um tostão, desde 86, que divulgam, organizam concertos, editam discos e agenciam bandas. Pois, também não queremos palmadinhas nas costas. Mas boloas, já era tempo deste estado de coisas mudar!...

nuno | Email | Homepage | 17-03-2004 09:24:53

AFP: TOP 30 ARTISTAS - SEMANA 13/2004

No top semanal de vendas da AFP encontramos 8 projectos musicais nacionais nos 30 primeiros.

10º O CONCERTO ACUSTICO (3P) - RUI VELOSO (VIRGIN/EMI-VC)
11º ESQUISSOS - TORANJA (POLYDOR/UNIVERSAL)
13º AO VIVO NO PAVILHAO ATLANTICO (3P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL)
16º AO VIVO NO S. LUIZ - ALA DOS NAMORADOS (VIRGIN/EMI-VC)
17º PALCO (P) - PEDRO ABRUNHOSA (POLYDOR/UNIVERSAL)
20º FADO CURVO (P) - MARIZA (VIRGIN/EMI-VC)
23º OLHAR EM FRENTE - BETO (FAROL MÚSICA)
30º FOCUS (P) - MORRICONE/DULCE PONTES (POLYDOR/UNIVERSAL)



(PR)-Prata (OU)-Ouro (P)-Platina (2P)-Dupla Platina (3P)-Tripla Platina


Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal

24.3.04

Rádio Nostalgia

Tem sido animada a troca de argumentos entre os meus amigos Bruno Gonçalves Pereira e António Manuel Ribeiro, a propósito da última crónica do primeiro e tendo a rádio dos nossos dias por pano de fundo.
Dentro de uma linha de gestão empresarial, já aqui afirmei que a saída para esta crise passará mais pelos critérios estratégicos das editoras, do que pelo “apoio” das principais estações de rádios, mas, nesta questão, como em outras na vida, não existem só inocentes.
Hoje, tenham os meus amigos pachorra e paciência porque vou centrar a reflexão mais do lado das rádios e da música que divulgam.
Diversas notas soltas fui deixando em textos, aqui, no Canal Maldito, e, inclusivé, meses atrás, escrevera um esboço, o qual, acabou por não passar na minha censura da auto-avaliação.
Mas, estando este mês tão viva a questão, vou remexer nas frases e tentar colocar a curta reflexão apresentável.

Sou mais um daqueles que cada vez escuta menos rádio… em casa nunca o faço, perdi o hábito, ou melhor, perdi o vício de adormecer agarrado ao antigo rádio a pilhas, que comigo partilhava o leito – mesmo assim, existe a excepção para o Porto Sem Abrigo do Álvaro Costa, que mantém o dom de me fazer regressar ao passado, nem que seja numa única hora por semana; ouvir rádio, na actualidade, apenas no carro e vagueando entre a TSF, Rádio Comercial e Antena 3.
Oiço cada vez menos porque não tenho o mesmo tempo livre de outras épocas, talvez por estar mais velho (desculpa fácil para tudo e mais alguma coisa, não é?), mas, também, porque a rádio de hoje está muito diferente.
Remexendo no baú recordo-me dos “velhinhos” Rock em Stock e TNT - Todos No Top, sem esquecer um Luso Clube, centrado no rock português e que escutava, religiosamente, semana após semana, descobrindo tudo o que de novo surgia.
Eram momentos bonitos, estávamos no início dos anos 80 e, como já aqui afirmei noutra ocasião, essa década foi de ouro para a música, tanto para a nacional como para a outra.

Numa semana de Outubro passado, estive de férias no Algarve e escutei muitas horas de rádio: o tempo estava mau e envolvi-me no éter.
Confirmei que as mais importantes estações do país, apesar de divulgarem alguma produção recente, apostam muito mais em sucessos de outros tempos: Bob Marley, Fischer-Z, Peter Frampton, The Eagles, revelaram-se assíduos no dia-a-dia de Rádio Renascença, RFM, Rádio Comercial ou Rádio Clube Português.
Interessante verificar que alguns dos temas possuem maior airplay, nos nossos dias, do que na própria altura em que foram editados, décadas atrás. Alguma da música portuguesa que pude escutar, também, tem barbas – Rádio Macau, GNR, José Cid…

A passagem de temas antigos dos Rádio Macau causa-me uma certa inquietação, num momento em que o novo trabalho não se ouve em nenhuma destas 4 estações.
Esta constatação provoca nova questão sobre a lei da rádio e sobre as quotas para a música portuguesa.
Se (e este “se” deve ser bem sublinhado), repito, se um dia uma lei de quotas for aplicada que música nacional será divulgada?
Serão divulgadas as novas edições ou iremos assistir a apostas em música antiga e de sucesso comprovado?
Os homens das playlists optariam por temas novos e desconhecidos ou escolheriam pérolas que são certezas: “O Amor”, “Chiclete”, “O Anzol”, “Porto Covo”?
Pois é, caros amigos, será que, mesmo com 40% de quota de produção nacional, iríamos continuar a ter o éter preenchido com a “Rádio Nostalgia”?


Notas Finais 1:
1. Um tão estimulante jogo de palavras e de argumentos (BGP vs AMR) não me podia passar ao lado… quiçá para um debate em torno de um microfone e com o imenso Atlântico como fundo?
2. Volto a frisar que os estudos de mercado, também, deviam ser realizados por editoras e – porque não – pelos grupos e respectivos managements.
3. A faixa de Fischer-Z que escutei foi “So Long” (1980) e, para os portugueses, a banda há muito que terminou. Puro engano, John Watts continua a gravar e o mais recente tema, “Jukebox” (2002), permanece na ignorância do povo, apesar de ser mais do que comercial.
4. Peter Frampton é escutado numa das diversas versões ao vivo de “Baby, I Love Your Way” (original de 1975). Alguém já ouviu o orelhudo “Above It All”, do recente “Now” (2003)?

Notas Finais 2:
5. Comentários muito interessantes têm sido assinados pelo Mr. Soul. Lanço-lhe um convite... não quer passar a escrever para o Canal?
6. Foi muito bom rever no passado domingo o Renato Júnior nos estúdios MDL.
7. O meu regresso à “estrada”, em funções de manager (fugaz tarefa desempenhada nas duas últimas semanas), veio confirmar tudo o que já sabia sobre “organização” e sobre a “atitude” de certos cromos.
8. A versão dos Dayoff para “Modelo Fotográfico” é uma volta completa a este clássico do rock português; a não perder, num tributo que será editado num dos próximos meses.


Luís Silva do Ó, jornalista

22.3.04

Disco: The FingerTrips (2003 Edição de Autor)

Todos os textos de António Côrte-Real estão disponiveis no Fora da Garagem


The FingerTrips (Porto)

Purple – Voz
Necko – Guitarra
Peter – Bateria
Xamax – Baixo
Fighas – Teclas
Gustuba – Tuba
Cris – Saxofone

Chegou-me às mãos o primeiro trabalho dos FingerTrips. É um single com duas canções: “Mr. Freddy” e “Guilt”, lançado para o mercado com o objectivo de espalhar o Funk desta banda pelo país.
No seu historial de participações em concursos, os FingerTrips, conseguiram a proeza notável de arrecadar nove primeiros lugares em pouco mais de dois anos de actividade!
Entretanto, têm levado o seu som aos quatro cantos de Portugal entre bares, queimas e festivais.
Penso, que, com o exemplo desta banda se pode aprender muita coisa.

No fundo, a ideia é esta:

- Tocar ao vivo sempre que tens oportunidade e as condições para tal existem;
- Juntar o dinheiro suficiente para poder escolher um estúdio e técnico com qualidade
(Atenção: sem boas canções não vale a pena pôr esta ideia em prática);
- As editoras não querem lançar o nosso disco? “Que se lixem, editamos nós!”
- Negociar um acordo confortável com uma boa distribuidora;
- Fazer uma boa capa e promover o mais e o melhor possível.

Meus amigos, prá frente é que é o caminho e os FingerTrips sabem-no.
A curto prazo, o futuro dos FingerTrips passa pela gravação do videoclip de “Mr. Freddy” e a edição de um novo single, desta vez com três temas.
Ficarei atento, esperando ouvir o que esta banda tem para nos dar.
Continuem sempre com a vontade e o trabalho que tem demonstrado até agora!


Peço desculpa ao Canal Maldito por não estar a cumprir o objectivo de uma banda por semana, mas a imensidão de horas de estúdio e de sala de ensaios têm monopolizado a minha vida nos últimos dois meses (o que me agrada, pois quer o futuro disco dos UHF quer o disco de tributo aos UHF estão a ficar… DEMAIS!!!)

Próximas bandas: Grace, EasyWay e Aside
Força!


António Côrte-Real, músico dos UHF


Contactos:

Concertos: purple@thefingertrips.com

Site: http://www.thefingertips.com

Blog: http://thefingertrips.blogspot.com


Podem ser enviadas demos para:
Papelaria e Tabacaria Piedense - Jubal
A/C António Côrte-Real
Largo 5 de Outubro, nº 65
2800 Cova Da Piedade

18.3.04

Bandas na Web - Círculo de Esferas...

Aceitando o segundo conselho de Pedro Miguel (Bandas na Web - Parte 1/1?), lancei-me aos Xutos & Pontapés.
Era miúdo, aí com 14 anos, e o meu "melhor amigo" pediu-me para lhe comprar o último disco de Xutos.
Pouco depois entrava numa qualquer loja em busca do álbum, que, dizia ele, chamava-se "Círculo de Esferas" (obviamente era o "Circo de Feras"). O que é certo é que este “suposto” nome nunca mais me saiu da cabeça.

Contudo, apesar deste disco ser essencial na história dos Xutos, sobretudo num momento em que vivemos os seus 25 anos de carreira, não irei aprofundar a vida e obra destes 4 magníficos, mas dar uma vista de olhos pelo site da banda.
Lá fui, então, até ao site dos Xutos, esperando encontrar outra desgraça nacional, imaginando uma página de entrada com um círculo em forma de circo ou umas feras esféricas... mas, nada disso aconteceu e fiquei muito bem impressionado! Só não digo fascinado porque o site é graficamente bastante sóbrio, o que, para uma banda com a respeitável idade de 25 anos terá tudo a ver. Os miúdos mais irrequietos podem considerar o site “moderado”, mas como eu também já não sou nenhum puto parece-me bem.

Conteúdos completos, multimédia com vídeos e música, loja, clube com, segundo dizem, 500 associados e sem a doença dos “brevemente” nos conteúdos.
Navegação geral à esquerda, complementar na direita e rodapé, enfim, profissionalismo!

Nos links destaca-se o #Xutos, canal oficial de IRC da banda, e algumas páginas de fans (as quais não comento pois apesar de algum amadorismo, o amor com que são feitas vale demais):
http://www.geocities.com/beijinhos_e_parabens/ - Site geral não Oficial
http://site.voila.fr/xutos - Fans em França (e em Francês), onde descobri uma referência para http://tim.no.sapo.pt/ (Apenas dedicado a Tim)
http://www.terravista.pt/AguaAlto/1111/xutos.html - De um fan...

Já o referi, e volto a fazê-lo: Profissionalismo. A visitar

Mais uma sugestão de navegação:
Desta feita em flash, o site dos f.e.v.e.r. vale a pena ser visitado, sóbrio e completo, sem grandes pretensiosismos.
Versão em português e em inglês, Mp3, "sound reviews" nos Extras...
Apenas apostava numa ordenação descendente na área de concertos, ou seja, os últimos primeiro, e que o som do flash fosse dos f.e.v.e.r. e não sons "padrão".


João Pedro Rei, Consultor Web

17.3.04

O Invento

Pouco passava das quatro da manhã.
A velha R 4L colaborou e pegou à primeira.
A minha mãe, porque idade e carta não havia, lá ia ziguezagueando pelas íngremes ruas da velha Santiago.
Chaves da Sociedade Filarmónica União Artística num bolso e respirar de expectativa, o dia acabaria tarde, em glória.
Material não havia, a PA era da Sociedade FUA, colunas maiores que nós e mesa de mistura carregada por três.
Um ginásio de um liceu com mais de três mil alunos ia ser o nosso júri, logo pelas dez da manhã, cedo se começa o dia, ainda que o não cabermos em nós nos leve noite fora.
Meses de concertos, fora e mais em casa, a força de uma certa poesia na voz, nas guitarras, teclados e nos contracantos da requinta e do saxofone.
O caminho depois foi outro, mas amargos de inércia não me tiram o sorriso de cada vez que há lembrança.
Hoje, olho para a minha mesa de trabalho, vejo o Manifesto dos EZ Special, com letra grande, porque assim se escrevem as grandes iniciativas, que o melhor curso se dê, os temas são pertinentes e no que respeita ao éter pela primeira vez se lê "as rádios, por exemplo, não podem ser vistas, exclusivamente, como os maus da fita". Pois. É mais frontal e acertado do que se pensar ou dizer que não se escuta rádio e, no entanto, saber que temas lá são tocados, as frases de posicionamento e as campanhas em curso.
O António Manuel Ribeiro teve uma frase brilhante, entre muitas que também o foram, ao advogar que “a rádio faz-nos falta no diálogo do silêncio”. É verdade, e antes tínhamos por vezes programas mais emotivos, mas era um numa semana e a sequência de música em geral pouca coerência tinha, os altos e baixos que passaram a manual de como não se fazer rádio.
Importa dizer que não, a audiência geral de rádio não está a descer, está a subir, a curva é notoriamente ascendente, doa isto a quem doer, e a única fonte relativamente segura é a medição científica e não o ouvir de amigos, ainda que às dezenas sobre o estado do éter.
Todos sabemos que os músicos, os próprios animadores de rádio, no meio, todos somos muito mais exigentes com a rádio do que os quatro milhões e tal que ouvem esta ou a outra estação todo o santo dia, sem eu pensar no entanto que é por habituação.
Já se estragaram estações de rádio que cheguem por ouvir este ou aquele ao invés de se escutar quem nos ouve.
O que acham do actual estado da Capital, Antena 3, a nova Renascença com músicas antigas e desconhecidas de fundo de catálogo, em relação ao que já foram?
E daquelas de que faço parte?
E das outras do plástico da abordagem, da rádio feita para os amigos e para o próprio umbigo... e sobretudo, sob o aspecto da proximidade com o público... da que se teve e da que se deixou eventualmente de ter...

Para se viver exclusivamente da música têm de se vender discos, se as rádios ajudarem ainda bem, para viverem as rádios têm de ir de encontro aos públicos. E se por cada programa o locutor que o faz recebe mais e-mail’s, telefonemas e sms’s dos que as presenças num concerto de uma banda ou artista consagrado, alguma coisa isto quererá dizer. Mas tal não me deixa descansado, são poucos os discos portugueses que chegam aqui à mesa de onde revejo o que vos escrevo.
Perguntem colegas músicos às vossas editoras se estas os estão a promover devidamente, releiam uns dos primeiros textos do Luís Silva do Ó sobre a facilidade que ele não teve em entrevistar um artista que esteve entre nós, quando o próprio é pessoa de incrível acessibilidade.
Questionem os senhores do charuto em lugar do diapasão as razões de projectos de excelente qualidade estarem na gaveta das editoras e resposta aos músicos nem vê-la, a coisa começa aí.
E porque editam algumas obras que, de duvidosas não passarão quando outras, carregadas de engenho e arte, ficam à espera dos senhores dos serviços municipalizados.

Divulguem estas situações, o público precisa de saber delas.
Com verdade e rigor.
Perguntem-me porque ainda continuo a tocar muita música portuguesa no Atlântico e a aconselhá-la a amigos de outros médios éteres sabendo não ir ao encontro do grosso dos gostos, para além de puxar por ela aqui por estes lados.
Já agora perguntem-se porque ainda assim se puxa mais pela música do que ela pela rádio.
Se calhar, era mais inspirador ter um tema nosso a tocar na rádio, enquanto vamos compondo e escrevendo o próximo disco, acredito que sim, mas as coisas não são assim e o que mais vejo em todo o lado, sem excepção, é desculpabilização.
A rádio tem culpa.
Não esqueçam que, todavia, precisa de se defender e vai fazendo coisas, assim sejam respeitadas e motivadas pelos próprios músicos, pelas editoras.
Os ouvintes têm gostado das iniciativas, a minha caixa de correio não me mente.
Compro música portuguesa. Para mim, a que aqui não recebo e outra para oferecer, toco a que posso e a que quero, não são necessários agradecimentos, não vou dizer que procuro alguma pancadinha nas costas, apenas gostava que cada um se assumisse, a rádio, por exemplo, não é perfeita.
E imagino que esta imperfeição também não seja exclusiva.

Uma dúvida, então se as rádios já não vendem discos, qual é o interesse em tocar as músicas da nossa banda na rádio a ou b?
Enviem uns discos, aqui há quem goste e se calhar perceba um pouco de música, leio com gosto crescente as opiniões dos meus colegas bloguistas, os residentes e os comentaristas, continuemos a discussão.
Apesar de opiniões diferentes de vez em quando, gostamos de nos ouvir e isso é bom.
Abençoada democracia das pessoas, melhor a anos-luz da das instituições.
Mais do que um muro de lamentações, um enunciar de iniciativas. Boa música é precisa, rádio que a toque, um ciclo.
Na próxima madrugada algumas bandas com talento vão buscar PA’s emprestados a uma qualquer sociedade recreativa ou terão nas suas mãos as chaves da garagem do tio.
Poderemos nós, sem complexos e melindres, inventar um novo estado de coisas?



O imaginário de uma banda de liceu.
A mesa de trabalho, as obras que não chegam, o manifesto dos EZ Special e as iniciativas.
A rádio e a música portuguesa, mais uma vez.
A proximidade com o público.
O trabalho das editoras, mais uma abordagem.
Outras iniciativas futuras e, conjuntamente, um inventar de um novo estado de coisas.



Bruno Gonçalves Pereira

16.3.04

AFP: TOP 30 ARTISTAS - SEMANA 11/2004

No top semanal de vendas da AFP encontramos 8 projectos musicais nacionais nos 30 primeiros, com duas novas entradas: Toranja e Gomo.

11º O CONCERTO ACUSTICO (3P) - RUI VELOSO (VIRGIN/EMI-VC)
12º AO VIVO NO PAVILHAO ATLANTICO (3P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL)
13º PALCO (P) - PEDRO ABRUNHOSA (POLYDOR/UNIVERSAL)
17º AO VIVO NO S. LUIZ - ALA DOS NAMORADOS (VIRGIN/EMI-VC)
20º FADO CURVO (P) - MARIZA (VIRGIN/EMI-VC)
22º ESQUISSOS - TORANJA (POLYDOR/UNIVERSAL)
23º FOCUS (P) - MORRICONE/DULCE PONTES (POLYDOR/UNIVERSAL)
27º BEST OF - GOMO (MERCURY/UNIVERSAL)


(PR)-Prata (OU)-Ouro (P)-Platina (2P)-Dupla Platina (3P)-Tripla Platina


Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal

10.3.04

BLOGUE-SE À FORÇA - Quatro
A MINHA GERAÇÃO

I – Prólogo

O dia, ou mais correctamente a noite, da mulher, contribuiu para uma invulgar azáfama num dos restaurantes que um gajo como eu – divorciado – usa como segunda casa aqui na Costa de Caparica.
Estava cheio, povoado por casais em festa moderada, o que é bom para desanuviar o clima de míngua que por aqui se tem vivido (ontem, no Brasil, o meu colega de faculdade Durão Barroso mentiu sobre as evidências da crise acampada).
Fui sozinho jantar, deixando as três fechadas no quarto do hotel onde vivo desde há pouco mais de um mês. A história é simples e conta-se de uma penada.
Ardeu-me parte da casa e tive de me alojar por aqui à beira do Atlântico: deixei para trás o cão e a gruta fina onde vivo, com a discoteca, a biblioteca e a sala dos ensaios, e resumi nas últimas semanas a minha existência neste T0 com vista para o oceano. Não me queixo, não me sinto vítima, a vida mostra-me outro horizonte e eu aceito.
“Matas-me Com o Teu Olhar”, “100% Viciado em Ti” e “Há Rock no Cais”, que já estão gravadas, são o resultado deste exílio forçado, sobretudo a última, que é autobiográfica. Cabe agora dizer que os UHF, sem ruído algum, estão em estúdio – a EMI também só soube depois.
No último fim-de-semana nasceram mais duas flores: “Sei” e “Soldadinhos de Brincar” (títulos que a SPA tem de aprovar), com a banda a divertir-se nos ensaios.
Num estúdio de gravação ao lado do nosso vivem os Xutos e o seu próximo rebento – tomamos café e almoçamos juntos quando calha.

Quanto às três que ficaram para trás, quero esclarecer que a boazona da Gibson SG que venho manuseando (além da clássica Washburn para composição e da canadiana Godin), tem modificado a minha identidade no som dos UHF.
Vivem as três comigo neste quarto mais o PC, o Connect Card, alguns CDs, resmas de papel e uma fiada de projectos, e roupa nova que fui obrigado a comprar por só me ter restado, daquela noite, a indumentária vestida.
Aprendi a viver assim, a recomeçar, a aceitar. Tudo está a funcionar na banda, o verão está a ficar muito bonito e o próximo disco está a crescer. Entretanto, através da Antena 3, “Matas-me” já se começou a ouvir.


II – A minha geração

Na véspera dos UHF gravarem “Jorge Morreu”, armámos, em jeito de samaritanos singelos, uma antestreia para alguns dos chamados altos músicos de Almada ouvirem os temas que íamos gravar e darem uma forcinha à malta.
Não vou mencionar a casta, até porque um já morreu e o futuro drummer Zé Carvalho estava incluído, mas foi triste ver aquele bando de altas pulgas amadoras desmoralizarem os putos que nós éramos com as opiniões mais parvas do dicionário musical e a peculiar velhacaria almadense.
Lixaram-se. Nós gravámos o disco, acabámos por contratar o Zé e deles nem o fumo se guarda.
Começávamos bem, como se vê.


António

Lembro-me – e a Rádio Renascença tem o registo – de termos lançado ao vivo o António Variações. Quando chegou o momento de lhe fazerem a homenagem em disco esqueceram-se que tínhamos sido contemporâneos, que com ele andei na noite e bebi uns copos (eu, sobretudo) no velho Frágil, que tínhamos amigos comuns; esqueceram-se porque dava jeito criar um cenário pós-moderno onde não cabíamos, melhor, eu não cabia.


LX 90

Um dia em 91 o Tozé Brito informou-me que os espanhóis tinham gostado muito da canção “Brincar no Fogo”, estando programado que iríamos entrar com os LX 90 num showcase para executivos da empresa, em Madrid (A BMG Portugal anunciara os LX como grande projecto internacional – sobretudo além das fronteiras da Avenida de Roma, constataríamos depois).
Só que, depois da passagem antecipada dos rapazes dos LX por uma discoteca da capital castelhana e da forma rápida e traumática como tiveram de abandonar o palco, deixou de se falar na exportaçãozinha dos UHF e LX. End of the story. E a Espanha aqui tão perto.


Exportação

A propósito: por que será que nunca ninguém nos fala das vendas que os portugueses, com projectos de edição além fronteiras, concretizam – Delfins, Abrunhosa, Silence 4, entre outros? Será porque a notícia vale muito para o marquetingue interno e depois o esquecimento se encarrega do resto?
É a este estado de coisas que vocês querem que eu responda numa marcação homem a homem? Não será exactamente por isto que somos pequeninos e portugueses até à medula?

Em 94 participei com a Laura Diogo (manager dos Sitiados) e o António Cunha (Delfins), a convite do Tozé Brito e da BMG espanhola, numa reunião de trabalho em Madrid para intercâmbio entre grupos portugueses e espanhóis.
Caricatamente ao fim de quatro horas de conversa, apesar da tradução simultânea do Tozé, o n.º 1 espanhol disse que não percebia o português que por vezes usávamos, insistindo nos grupos espanhóis em grandes concertos por cá; o Tó Cunha falava-lhe dos La Frontera, que ele desconhecia, e de festivais na Galiza, que ignorou; o matutino Público, presente, pediu-nos uma ideia final sobre o meeting que transmitimos via telefone para Lisboa: fui o único que me ri da situação, recordando uma velha ponte cultural de um só sentido entre Portugal e o Brasil.
Recusei por isso, liminarmente, fazer primeiras partes de grupos espanhóis em Espanha sem uma edição discográfica previamente garantida. O meu pragmatismo e o domínio da língua espanhola, permitira-me perceber o que a BMG Espanha nos oferecia. O tempo deu-me razão, o que chateia.

Já em 98, na direcção da AM.RA Discos entretanto fundada, que se espetou logo à primeira edição mas hoje vive sem sufoco, negociei com um Publisher catalão o nosso repertório para exportação.
A senhora em causa não acreditou num fax recebido do Brasil e remeteu-mo. Dizia assim: “Lamentamos D. Teresa mas não compreendemos o português destes rapazes”, mais coisa menos coisa. Quem falou em exportar?


Festivais

Porque será que são sempre os mesmos cá do bairro, existe um palco periférico para o “Portugal dos Portugueses Pequeninos” (leia-se bandas novas que tocam de borla) e os estrangeiros vêm em saldo?
Será por isto que algumas rádios sintonizadas só tocam essa malta que há-de passar pelos festivais até à exaustão (estrangeiros porra!)?
Já agora: sabiam que a SPA, promovendo a produção nacional, proporciona um desconto nos direitos de autor cobrados se os artistas portugueses forem incluídos nos espectáculos com estrangeiros?
Para quando festivais só com portugueses – lembram-se do sucesso do concerto temático “Os Filhos da Madrugada” em Alvalade?


Rádios

Não vou falar do charco em que as rádios vegetam, eu nem oiço rádio. Faço scan como toda a gente que não tem artrite no indicador direito. Mas quero dizer-vos duas coisas: a primeira é que o espectro ouvinte radiofónico continua a descer (as fontes são seguras), mas, mesmo assim, os génios têm medo da criatividade e do risco da inovação – será que não posso simplesmente ouvir os discos que vão saindo em 2004 e, na sequência, comprar os meus favoritos?
Quanto à segunda ideia: a rádio, mesmo em campanha massificada, já não faz vender discos, o que é perigoso – veja-se o exemplo do último CD dos Delfins, para não falar de outros tiros ao lado dados por grandes estações de rádio sem capacidade para venderem em época de Natal os DVDs e os CDs de alguns clássicos portugueses.
Entendo a rádio como uma janela onde se mostra a música que se faz todos os dias. Ao invés, a rádio tornou-se num baú bafiento, sem graça, apesar da parvoíce, sem diferenças, sem chama, sem apelo. É pena, porque a rádio faz-nos falta no diálogo do silêncio.

A produção do nosso hip hop está-me a fazer lembrar a fornada do rock português de 81/82 – tudo ao molho e fé em Deus. Se os Da Weasel são um sucesso a indústria promove os sucedâneos, repetindo os erros. A malta – claro – quer é gravar.

Por outro lado já me farta ouvir os radialistas com voz playstation anunciarem tanto apoio à nova música portuguesa. Depois de gravada e editada é que tudo fia mais fino. Por exemplo: a música que os UHF gravam é nova porque é de hoje ou é velha porque temos uma carreira, como os Stones? Ou os outros – mesmo velhos – são sempre melhores porque são estrangeiros? Quem é que corta o rabo à pescadinha?


Pavilhão Atlântico

Claro que gostaríamos de fazer um ou mais. Mas vocês sabem quantos passatempos têm sido precisos para meter à borla uns milhares no sítio e dar a imagem de uma casa cheia? E as camionetas que vêm da província com tudo pago até Lisboa? E a colocação do palco no espaço longitudinal do pavilhão que estica e encolhe a sala*? É nisto que vocês querem que eu meta os UHF? É nesta farsa que vocês querem que a malta esturrique os euros arduamente ganhos na província que todos anseiam por fazer?

* O mesmo se passa no famoso Zenith de Paris, mas os artistas portugueses que por lá passaram e passam não falam do tamanho da sala que usam – S, M ou XL.


Nós

Não estamos contentes com as vendas da Ópera, mas defendemo-la. Escreve e grava uma Ópera Rock quem sabe e quem pode.
“La Pop End Rock” é a nossa história em formato musical e deu-nos um imenso gozo concretizá-la. Foi duro, foi longo e foi um desafio posto a nós todos.
Ganhámos um quarteto, deixando logo no início (2001) entrar o Fernando Rodrigues e vendo partir o Jorge Manuel Costa.
Estivemos ao longo de 22 meses em estúdio e tocámos os limites da arquitectura do som, da confiança em nós próprios, da lucidez. Confirmado: a Ópera não será exportada, excepto para a Baixa da Banheira.
“La Pop End Rock” foi a mãe de onde este grupo renasceu – “Há Rock no Cais” é, de novo, a puberdade das ideias e do querer. E porque não estamos contentes com as vendas – hoje não acredito que o conceito da Ópera tenha chegado ao grande público – voltámos para o estúdio porque a saída para este momento (além da pirataria, da crise, e do etc.) são novas canções novas.
Ainda sobre a Ópera: quando desvendámos o projecto houve logo quem aventasse a miserável ideia de que seria um projecto grandioso e arrogante de mais.
Enfim, o país é culturalmente curto, mas há por aí um estudo que diz que somos a população da Europa com mais percentagem de casas de férias – esta história de ser proprietário dá estatuto e evidencia sucesso, valha isso o que valer. Passando de pais para filhos já viram no que isto, durante décadas, vai dar.
Mas é pelo desafio que os quatro alazões nos esperam para mais uma cavalgada mosqueteira. Até lá, que é por aí, numa terra perto de vós.

De 8 para 9 de Março de 2004 (enquanto o mar enrola na areia...)

António Manuel Ribeiro, músico e produtor dos UHF

9.3.04

AFP: TOP 30 ARTISTAS - SEMANA 10/2004

No top semanal de vendas da AFP encontramos 6 projectos musicais nacionais nos 30 primeiros, com uma nova entrada da Ala dos Namorados.

10º AO VIVO NO PAVILHAO ATLANTICO (3P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL)
11º O CONCERTO ACUSTICO (3P) - RUI VELOSO (VIRGIN/EMI-VC)
12º PALCO (P) - PEDRO ABRUNHOSA (POLYDOR/UNIVERSAL)
19º FOCUS (P) - MORRICONE/DULCE PONTES (POLYDOR/UNIVERSAL)
25º FADO CURVO (P) - MARIZA (VIRGIN/EMI-VC)
30º AO VIVO NO S. LUIZ - ALA DOS NAMORADOS (VIRGIN/EMI-VC)


(PR)-Prata (OU)-Ouro (P)-Platina (2P)-Dupla Platina (3P)-Tripla Platina


Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal

4.3.04

Bandas na Web - Um lugar à chuva!

Estive a pensar seriamente em não escrever esta crónica e partir para outro site, mas resolvi arriscar, apesar de saber como os fans defendem os seu "ídolos" com toda a garra.

No primeiro comentário, da minha primeira crónica (Bandas na Web - Parte 1/1?), o Pedro Miguel sugeriu-me a visita aos sites de 2 das maiores bandas nacionais, Xutos e Delfins, e arrisquei nestes últimos.

O site dos Delfins abre de uma forma, ainda muito usada, mas, irritante e desnecessária... Aquelas páginas estáticas com o fantástico botão de "Entrar"...

Lá se abre um "belo" flash com 4 áreas distintas e muitas pastas, com um grafismo, no mínimo, discutível, contraste gráfico inexistente e funcionalismo quase nulo.

Para além disso temos também o obvio e habitual cá em Portugal: o "Brevemente" ad eternum numa série de opções (4/14)...

Outra coisa transcendente é a existência de um site separado para determinados "Conteúdos" (área de Shopping), de grafismo mais agradável que o site original.

O problema geral, de muitos, é quererem colocar tudo e depois não terem nada... E este site parece-me ser típico neste ponto.

Na área de links (uff vou sair daqui!) apontam-se várias sugestões:

Miguel Ângelo que desconfio que é antiga, agradável à vista, mas, sem novidades desde... fica a pergunta no ar.

E cá está a moda dos blogs, não esteja eu a publicar num...

http://horasperdidas.blogspot.com/ (de Miguel Ângelo)

http://arte_vs_sexo.blogspot.com/ (com o conceito engraçado de livro online, terminado a 10.6.03 - Autor Candidato X - aposto no MA)

http://ter-um-blog-e-gay.blogspot.com/ (desabafos sem autor)

http://delfins-em-dvd.blogspot.com/ (projecto de um fan[?] com o intuito de colocar TUDO em DVD)

http://fansdosdelfins.blogspot.com/ (o nome diz tudo)
De conteúdos diversos e para todos os gostos, cuja visita e permanência fica ao critério de cada um...


João Pedro Rei, Consultor Web

3.3.04

Ser Boi ou Carroça, eis a questão.

Isto de ser músico tem muito que se lhe diga.
Com mais ou menos competência, eu admiro imenso quem escolheu a música como modo de vida, uns com mais dificuldades, outros nem por isso.
Certo é, de que todos os que o fazem, passaram ou passam ainda as "passas do Algarve" para conseguirem vingar.
Por vezes as maiores complicações partem até de quem está sentado na própria carroça, acomodado, à espera que alguém pegue nas rédeas.
E é precisamente isso que me irrita.
A dedicação efémera de alguns ocupantes e o débil empenho, só se manifestam quando a dita carroça já está em andamento, e às vezes nem isso acontece, o que é curioso, apesar de todos dizerem que adoram viajar nela.
Para além dos que vão sentados há quase sempre um cão que acompanha mas que é obrigado a fazer o caminho a pé.
Agora a questão que se coloca é a seguinte: será mais confortável pegar nas rédeas e levar com a trampa toda que vem de frente ou ir lá atrás?
Eu nunca gostei muito de ir lá atrás mas não me importava de trocar de vez em quando, não vá dormir enquanto conduzo e provocar um acidente.
Para além disso, na música, ao contrário de outras situações, o Boi é o primeiro a saber e a beneficiar não só das coisas boas como das más também, e a sofrer as consequências quando a carroça começa a dar problemas.
Custa muito mais, cansa-se muito mais, sofre muito mais.
E há alturas até em que quem vai na carroça salta para cima do Boi só para não ir a pé.
O cão, esse continua o mesmo, sempre lá, sempre na mesma, para o que der e vier.

Ulisses, músico dos K2O3

2.3.04

O que faz falta

O que nos falta para que haja projectos musicais viáveis e rentáveis em Portugal?
Que tem Portugal de diferente dos outros países que faz com que não consiga exportar a sua boa música?
Aliás, nem é preciso falar da exportação, basta tocar no assunto da rentabilização.
O que faz com que temas que poderiam ser um sucesso, neste burgo e nos outros, não passem de acidentes de percurso no marasmo do panorama musical nacional? (Lembro-me da música dos Erasure, nas versões dos Silence 4 e dos Weezer... a última foi um sucesso internacional.)

Voltemos atrás... em Portugal não há a cultura da música! Ou da boa música, pelo menos. Não se soube evoluir na música, como noutras coisas.
A nossa música foi grande.
O nosso cinema foi grande.
O nosso império foi grande.
Falta-nos a inteligência para aproveitar o que temos.
Esperteza saloia temos q.b., mas inteligência, dedicação, brio e ambição parecem escassear.
É tudo uma questão de cultura, poder-se-á concluir. Mas a cultura ensina-se! As tradições desenvolvem-se!
Há 10 anos atrás, quem é que ia ao cinema uma ou duas vezes por semana?
Há 5 anos atrás, quem é que comprava todos os filmes que desejava ver?
Isto para me manter apenas em artigos culturais, porque a lista seria longa.

A verdade é que falta um braço impulsionador para a música nacional. Não da música da cassetezinha nos teclados e vai de cantar tudo quanto é letra de música batida, mas daquela que por cá se faz, em português, em inglês, em francês, em espanhol, do fado ao heavy metal passando pelo jazz, ska, funk e por todo o tipo de etiquetas que se convencionou utilizar para catalogar a música.
Falta o apoio para que a música deixe de ser um luxo e passe a ser cultura. Tal como um bom livro.
Falta o incentivo para que se toque ao vivo, para que se faça cada vez mais e melhor, para que a oferta seja cada vez maior e melhor e para que se crie e desenvolva a cultura de sair à noite para beber um copo e ver uma banda qualquer a actuar.
Falta desenvolver um circuito que permita às bandas rodar e actuar, crescendo e aprendendo. Que permita ao público desenvolver o gosto de uma noite bem passada a assistir a um concerto das bandas que por cá se fazem, desenvolvendo também o sentido crítico que lhe permita dizer, no fim, se gostou mais da banda desta semana ou da semana anterior.

Mas não há.
Escasseiam os sítios onde uma banda nova possa tocar e ambicionar ter algum retorno, quanto mais não seja para pagar as despesas. São raros os bares e locais de diversão nocturna que contem com as condições suficientes para ter um concerto ao vivo com algo mais que um teclado e uma guitarra. Desses que se vão safando contar-se-ão pelos dedos aqueles que possam garantir o mínimo de retorno para uma banda, que não se deixem envolver pela atmosfera do lucro fácil, tendo entretenimento para os seus clientes a custo de um gin tónico e um par de cervejas. Passa-se até o caso de bares que, mercê de receberem eliminatórias ou finais de concursos de bandas se aproveitam desse facto para cobrar às bandas o consumo mínimo. Em Portugal paga-se para ser músico. E os resultados estão espelhados nas tabelas de vendas, diria eu... É pena.

Purple, músico dos The FingerTrips

AFP: TOP 30 ARTISTAS - SEMANA 09/2004

No top semanal de vendas da AFP encontramos 5 projectos musicais nacionais nos 30 primeiros.


9º O CONCERTO ACUSTICO (3P) - RUI VELOSO (VIRGIN/EMI-VC)
10º AO VIVO NO PAVILHAO ATLANTICO (3P) - TONY CARREIRA (ESPACIAL)
11º PALCO (P) - PEDRO ABRUNHOSA (POLYDOR/UNIVERSAL)
22º FOCUS (P) - MORRICONE/DULCE PONTES (POLYDOR/UNIVERSAL)
25º FADO CURVO (P) - MARIZA (VIRGIN/EMI-VC)


(PR)-Prata (OU)-Ouro (P)-Platina (2P)-Dupla Platina (3P)-Tripla Platina


Dados: AFP/Copyright AC Nielsen Portugal